Nos últimos 3 anos, um subgênero chamado post horror vem ganhando forma com filmes de clima bastante intenso e sempre com grandes mensagens para passar ao seu público. Longas como; Correntes do Mal, A Bruxa, O Convite e Corra são exemplos perfeitos disso. Essa nova remessa vem trazendo também ótimos diretores ao cenário cinematográfico, com filmes complexos e de baixo custo.

Em seu segundo longa-metragem, Trey Edward Shults nos entrega mais um grande filme desse subgênero e, além de mostrar um grande controle em cena, também mostra que é um ótimo roteirista. A trama se passa em um futuro em que uma doença devasta boa parte da humanidade. Nesse cenário Paul (Joel Edgerton) mora com sua esposa e o filho numa casa solitária e misteriosa, mas segura, até o dia em que chega uma família desesperada procurando refúgio.

Se você vai esperando mais um filme cheio de sustos e com criaturas terríveis atrás de seres humanos, acho bom tirar esse tipo de expectativa da cabeça, pois a proposta aqui é outra. Toda uma atmosfera arrepiante é imposta em torno de um roteiro muito focado em seus diálogos. Tudo que é dito tem um significado importante, mesmo você achando que aquilo não tenha tanta relevância em cena. Um exemplo perfeito é o diálogo entre Travis (Kelvin Harrison Jr.) e Kim (Riley Keough) na cozinha, durante a madrugada, falando sobre insônia e juventude, em meio a uma atmosfera extremamente desconfortante.

O som e as imagens em tela falam muito mais do que os próprios diálogos, fazendo com que seja extremamente importante que tudo em cena seja bem observado pelo espectador, nada é mostrado sem motivo, a porta de entrada para a casa ser pintada de vermelho, representando sangue e violência, mostra que tudo é minunciosamente pensado. Isso tudo em volta a uma fotografia que abusa das sombras para poder passar toda a sensação de paranoia, sempre causando a sensação de um perigo próximo.

Um dos pontos mais fortes do longa são suas atuações. A cada trabalho do Joel Edgerton, vejo que ele está se tornando um dos melhores atores da atualidade. A insegurança, vontade de proteger sua família, a forma como desconfia de tudo é visível em um olhar forte. Toda a paranoia de seu personagem transborda para fora de tela e a aflição do espectador é certa, envolta a toda a incerteza de onde aquilo tudo vai nos levar. Ele se torna o exemplo perfeito de toda humanidade envolta a todo cenário pós-apocalíptico em que o filme se passa.

Ao Cair da Noite pode não ser o longa que você estava esperando, com o seu final aberto que nos leva a vários debates, mas é extremamente rico ao abordar a paranoia humana de forma tão rica, sem exageros. O roteiro busca tratar tudo de forma crua e, além disso, ainda nos entrega um estudo sobre o extinto de sobrevivência humana. Mais um ponto para o post horror e para um diretor que precisamos ficar de olho.

Nota: ★★★★★

Ficha Técnica

Ao Cair da Noite (It Comes at Night)

Ano: 2017

Direção: Trey Edward Shults 

Roteiro: Trey Edward Shults

Elenco: Joel Edgerton, Christopher Abbott, Carmen Ejogo, Riley Keough, Kelvin Harrison Jr.

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