Listão do Clube | As Amizades mais Incríveis do Cinema
A amizade é um dos temas mais preciosos do cinema. Seja adaptando obras da literatura ou criando histórias originais, personagens que criam ou fortalecem laços diante de situações difíceis são uma constante na sétima arte. Obras das mais variadas que apresentam esse tema tão comum à humanidade ganharam uma atenção especial no Clube da Poltrona, onde a amizade é o principal ingrediente. Com vocês, em 11 itens, os amigos mais incríveis do cinema:
Dorothy, Espantalho, Homem de Lata e Leão, de O Mágico de Oz
Independente de os acontecimentos do mundo encantado de Oz acontecerem em um devaneio de Dorothy (Judy Garland) para “algum lugar além do arco-íris”, a relação estabelecida por ela com Espantalho, Homem de Lata e Leão é encantadora. O quarteto, sempre acompanhado de Totó (o cãozinho, fiel escudeiro da garota), percorre a estrada de tijolos amarelos com a alegria de uma conexão instantânea e verdadeira. Eles protegem uns aos outros, se motivam entre si e nos lembram o significado e o valor dos laços de amizade. Amigos nos aceitam exatamente como somos e seu apoio nos ajuda a ser a melhor versão de nós mesmos. No fim, vemos que aquelas três figuras que Dorothy encontrou ao longo do caminho são velhos conhecidos, reforçando que, independente de qualquer coisa, a lembrança dos grandes amigos sempre nos acompanha.
Woody, Buzz Lightyear e os brinquedos de Andy, de Toy Story
Em 1995, o mundo se rendeu ao primeiro longa-metragem resultado da dobradinha da Disney com a Pixar. Diversão para as crianças com doses de nostalgia para os mais velhos, a aventura dos brinquedos de Andy parece eternamente atual. A relação de carinho que o menino tem, em especial com os bonecos Woody e Buzz (e que nem imagina ser recíproca), reflete o que todos nós, um dia, já sentimos por nossos companheiros de brincadeiras.
Mas é na relação entre os próprios brinquedos, ao ganharem vida sempre que estão longe de olhares humanos, que mora um dos grandes trunfos da saga. Cada um é especial do seu jeito e a amizade só os torna mais fortes. O estranhamento inicial entre o caubói e o patrulheiro do Comando Estelar é solucionado com a prova de que a amizade é uma soma, não uma competição. Toy Story trabalha ainda temas como ciúmes, lealdade e a proteção entre os amigos.
Por Roseana Marinho
As protagonistas de Thelma & Louise
A amizade no cinema nunca foi tão intensa quanto nesse clássico dirigido por Ridley Scott. Cansadas de vidas entediantes e relacionamentos frustrados, Louise e Thelma (Susan Sarandon e Geena DavIs) partem em um charmoso Ford Thunderbird pelas estradas poeirentas do Meio-Oeste americano, iniciando uma aventura sem precedentes. Em 1991, o filme não só estrelou duas mulheres, como foi escrito por uma —Callie Khouri levou o Oscar e o Globo de Ouro na categoria “Melhor Roteiro Original”.
Davis e Sarandon, embora retratadas como sexualmente atraentes, tinham mais a entregar na trama do que apenas exibirem suas belezas. O roteiro seguro de Khouri põe as duas protagonistas como donas da história, e deixa os homens como um problema secundário na narrativa. A camaradagem entra as duas, ao invés da típica competitividade feminina, é o que move, inspira e fortalece o ímpeto de seguir em frente. Munido de um dos desfechos mais emblemáticos e simbólicos da história do cinema, Thelma & Louise deixa clara a mensagem de que o direito à liberdade e a busca por justiça independe de gênero. Uma catarse feminina, retratada por mulheres fortes e leais.
Por Elaine Timm
Will Proudfoot e Lee Carter, de O Filho de Rambow
Um dos inúmeros filmes que vem à lembrança é a nostálgica história de amizade entre Will Proudfoot (Bill Milner) e Lee Carter (Will Poulter). Filme não tão conhecido entre o grande público, O Filho de Rambow é uma obra subestimada que, antes de mostrar uma amizade nascer entre dois pré-adolescentes, trata de outras temáticas, como intolerância religiosa e o próprio cinema. Will, um garoto tímido criado em uma família excessivamente religiosa, faz amizade com Carter, o oposto: de mau comportamento na escola e temperamento explosivo.
Ambos se unem por uma paixão em comum: o cinema. Algo desconhecido para Will, quando ele vê Rambo: Programado para Matar, o garoto entra em êxtase e Carter tem o sonho de fazer sua própria obra cinematográfica, mesmo que da forma mais amadora possível. Esse belo longa-metragem precisa ser redescoberto, e mostra que amigos podem surgir em ambientes totalmente díspares, além de retratar a alegria pelas coisas simples da vida.
Soldados norte e sul-coreanos, de Zona de Risco
A iminência de um acordo nuclear entre as duas Coreias gera a esperança de paz na região e de que assim cidadãos poderiam transitar entre os dois países livremente. Diante dessas notícias recentes, a lembrança de um dos primeiros filmes do diretor sul-coreano Chan-wook Park chega em um bom momento. A história de um assassinato a ser solucionado e as interações entre soldados sul e norte-coreanos mostram o quão a guerra é perniciosa. É uma sensação agridoce ver uma amizade proibida surgir entre Lee Soo-hyeok (Byung-Hun Lee) e Oh Kyeong-pil (Kang-ho Song). Relações tensas, mas algo maior não surge entre eles por conta de ideologias e conflitos armados.
Sutis e bonitas cenas de risos e brincadeiras entre os soldados, entremeadas pelas cenas de violência podem ser vistas nesse belo filme também subestimado. A cena do filme que ilustra esse texto é icônica.
Por Ibertson Medeiros
Harry, Rony e Hermione, da saga Harry Potter
Responsável por marcar toda uma geração, a franquia Harry Potter representou o significado de amizade como poucas. Durante dez anos, Harry viveu sob os maus tratos dos tios, sem entender o verdadeiro conceito de família e amizade. Foi só após descobrir que era um bruxo e partir para a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts que o garoto se viu em um lar, onde conheceu aqueles que viriam a ser seus amigos de uma vida toda, Rony Weasley e Hermione Granger.
Ainda que alguns atritos tenham estremecido a amizade ao longo dos anos em que estudaram juntos, Harry, Rony e Hermione sempre conseguiam ser honestos e resolver suas diferenças em prol do amor que tinham uns pelos outros. Ao passo em que Harry precisou enfrentar o bruxo das trevas Voldemort e seus aliados, ele nunca foi deixado sozinho por nenhum dos amigos, que estavam dispostos a morrer junto com ele, se fosse preciso. Logo, eles enfrentaram juntos desafios, em Hogwarts e fora dela, que culminaram numa caçada mortal às Horcruxes de Voldemort, vista nos últimos filmes da franquia, onde a lealdade dos três foi posta em xeque.
As cicatrizes deixadas pela guerra não foram o suficiente para romper os laços entre o trio, que mesmo com o salto temporal de dezenove anos ao final de Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 2, se encontravam juntos como uma família.
Por Evandro Lira
Ferris e Cameron, de Curtindo a Vida Adoidado
O filme que marcou não só a carreira de Matthew Broderick como uma geração inteira. E sua premissa é bem simples: faltar um dia inteiro de escola e, basicamente, aproveitar a vida. E como o tema aqui é amizade, impossível esquecer a parceria de longos anos entre Ferris e Cameron — dois personagens absolutamente opostos, mas que preservam uma confiança mútua, digna de estar entre as melhores amizades do cinema. A fita possui uma veia cômica típica dos filmes de John Hughes, porém, consegue pincelar sobre temas relevantes como a preocupação cada vez mais precoce dos jovens sobre o futuro e como a relação conturbada com os pais pode prejudicar os filhos. Save Ferris!
A turma de Clube dos Cinco
Mais um filme de John Hughes? Claro! Ele resume a imagem do cinema da década de 1980 quando se fala sobre comédias juvenis e, consequentemente, amizade. Considerada por muitos a obra-prima do diretor, Clube dos Cinco é mais um longa com uma premissa bastante descomplicada (cinco alunos passam um sábado dentro da escola como forma de detenção), mas com uma profundidade imensa. Se não bastasse o tom que mescla, de modo perfeito, drama com comédia, aqui se tem também a desconstrução definitiva de todos os clichês que até hoje permeiam qualquer filme escolar estadunidense, extraindo um olhar mais humanizado (explorando os medos e dúvidas) sobre aqueles jovens que parecem carregar o peso do mundo nas costas.
O que fica é uma história de amizade improvável que, mesmo que dure apenas aquele dia de 24 de março, torna-se marcante por servir como uma terapia que, constantemente, nos faz compreender que é essencial não julgar o alheio por ser diferente. Porque é justamente o diferente que nos torna complexos e únicos.
Por Jonatas Rueda
Frodo e Sam, de O Senhor dos Anéis
Desde o primeiro momento notamos que Sam e Frodo têm uma ligação especial. Mais por parte do Sam que do Frodo, pois o Bolseiro não quer envolver ninguém em seus problemas. Mas, ao mesmo tempo, vemos o fiel companheiro sempre próximo ao portador do anel, seguindo seu caminho, ajudando em basicamente tudo, fazendo comida, aquecendo durante a noite e, literalmente, o carregando para concluir sua missão. Sam tem suas divergências, mas nunca abandona seu companheiro, mesmo após a dúvida recair em sua lealdade. É um dos maiores exemplos de amizade já vistos, um exemplo que não supre só na ficção, mas também nos ensina sobre amizade na vida real.
Por Ítalo Passos
Os Goonies
Filme produzido por Steven Spielberg, mas com roteiro dele e Chris Columbus, com direção de Richard Donner. Seria difícil imaginar o sucesso? A verdade é que a história do grupo de amigos que partem em busca de um tesouro da lenda de Willy Caolho tornou-se um dos filmes mais icônicos da década de 1980. Mickey, Brand, Bocão (Mouth), Dado (Data), Gordo (Chunk) e cia, partem numa aventura sob cavernas subterrâneas, enquanto protagonizam uma história de forte amizade. Enquanto se defendem de perigos e situações de risco, os garotos unem-se e descobrem valores como lealdade e cumplicidade. A música-tema, cantada por Cyndi Lauper, por exemplo, “The Goonies ‘R’ Good Enough“, tocava em tudo que é rádio. E mesmo após 33 anos desde seu lançamento, temos uma obra divertida sobre crianças em processo de maturidade. Um clássico juvenil.
O quarteto de Conta Comigo
E quem disse que Stephen King não cria contos de afeto e amizade? Baseado em seu livro, com direção de Rob Reiner, o título original do filme (Stand By Me) nos remete logo à clássica música de Ben E. King. A história centra no verão de 1959, quando um escritor nos conta um fato pessoal, de quando tinha doze anos. Numa pequena cidade do estado de Oregon, quatro amigos saem em busca do corpo de um adolescente que estava desaparecido há dias. Nesta jornada, entre trilhos de trens, na mata e insegurança, temos uma experiência emocional e de autodescoberta. River Phoenix interpreta um dos garotos, o Chris, sendo o mais denso da narrativa. Um filme sobre lealdade, carinho, afeto e atos de generosidade. Melancólico e inesquecível.
Por Cristiano Contreiras