Sci-Fi | Jurassic World: Reino Ameaçado

 

O universo de Jurassic Park já foi bem explorado nos quatro filmes da franquia; a missão deste quinto filme era continuar a renovação, encaminhando por um lado que desse mais espaço para ideias e atiçar a curiosidade de seu público. Isso fica muito evidente durante todo o longa. Algumas coisas saíram como o esperado, já outras, nem tanto. Juan Antonio Bayona é o talentoso diretor que ficou responsável por tudo isso; o mesmo já está acostumado com a fantasia: seu último trabalho, Sete Minutos Depois da Meia-Noite, tem uma forte “pegada” destoante do filme original de Steven Spielberg.

Em sua cena inicial, o filme acerta em não subestimar seu público. A extrema tensão é bem desenvolvida nas sutilezas colocadas em tela — a silhueta de um dinossauro quando o cenário clareia com um raio, por exemplo —, e a música bastante presente. O engraçado é que você já imagina o que provavelmente irá acontecer e, devido a isso, a sequência tinha tudo para dar errado. Felizmente a criatividade de Bayona se mostra grandiosa e temos uma cena que traz todo o horror do clássico e já abre diversas possibilidades para o futuro da franquia.

jurassic

É logo após essa excelente abertura que começamos a reconhecer alguns deslizes. O filme esfria bastante ao mostrar como cada personagem está após os eventos do longa anterior. Isso não seria realmente um problema se o ritmo não fosse afetado. Há momentos em que sentimos a história correr e, do nada, retornar a uma pegada mais moderado. Aos poucos, isso cansa o espectador que, após uma grandiosa cena, espera outra ainda melhor.

Ainda no início, é possível notar que o roteiro irá se apoiar no humor para ajudar a levar o filme. Isso também não seria um problema se tudo fosse aplicado de maneira mais leve; em momentos de total tensão ou emoção, a imersão é quebrada por uma piadinha. Ao mesmo tempo que na cena de abertura os realizadores não subestimam seu público, durante o resto da projeção temos que engolir esse artifício que já se torna um vício entre os bluckbusters. Parece haver uma crença entre os estúdios de que o público não se interessa por algo mais sério.

A previsibilidade é outro problema que torna o filme cansativo — quanto mais você sabe o que vai acontecer, mais desinteressado você fica. Juntando isso ao fato de os atores estarem meio que em “modo automático”, tudo fica cada vez mais arrastado. Até mesmo em algumas cenas de ação torcemos para que passe logo, na espera de que venha outra mais interessante em seguida.

Em sua maioria, os clichês utilizados durante o filme são bem colocados, muito mais pela excelente visão do diretor do que pelo roteiro em si. Não temos nada de novo em relação à linguagem; jumpscares são estão lá, mas em cenas improváveis, sem a apelação da música, em momentos mais naturais. Ao contrário da previsibilidade do roteiro que nos tira do clima, esse artifício nos traz de volta, mesmo que seja em pequenos momentos. Percebemos, diretamente, que esses momentos menos interessantes do roteiro têm uma pegada do que Colin Trevorrow aplicou em seu filme, e notamos claramente que o talento do novo diretor (que não participou da criação do roteiro) salva diversos momentos que provavelmente ficariam piegas se fossem para a tela como os roteiristas queriam.

Em termos estéticos, esta continuação é maravilhosa, utilizando ao máximo o apoio que a tecnologia pode dar e transforma os dinossauros em algo cada vez mais crível. É inegável que as criaturas tenham ficado mais ameaçadoras — não chega a fascinar nossos olhos como o original de 1993, que impressionou a todos na época, mas nos faz acreditar cada vez mais naqueles seres. Como citado acima, o caminho que a franquia nos mostrava que iria seguir no começo do filme se confirma no final. Devo admitir que é um caminho corajoso e que me deixa bastante curioso. Mesmo o filme tendo alguns problemas, irei com certeza aguardar sua continuação.

Nota: ★★★✰✰

 

Ficha Técnica

Nome Original: Jurassic World: Fallen Kingdom

Ano: 2018

Direção: Juan Antonio Bayona

Roteiro: Colin Trevorrow, Derek Connolly

Elenco: Bryce Dallas Howard, Chris Pratt, Jeff Goldblum, Daniella Pineda, Isabella Sermon, Ted Levine, James Cromwell, BD Wong, Rafe Spall, Toby Jones, Geraldine Chaplin, Justice Smith

Fotografia: Oscar Faura

Trilha Sonora: Michael Giacchino

Montagem: Bernat Vilaplana

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Ítalo Passos

Cearense, estudante de marketing digital e crítico de cinema. Apaixonado por cinema oriental, Tolkien e ficção científica. Um samurai de Akira Kurosawa que venera o Kubrick. E eu não estou aqui pra contrariar o The Rock.

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