Horrorscópio | Os Estranhos : Caçada Noturna

Os Estranhos fez inesperado sucesso em 2008 quando fora lançado. Seu primeiro ato estabelece um clima de mistério suficiente, além de instigar o espectador a saber o que aconteceu com o casal Liv Tyler e Scott Speedman, antes de irem para o cenário principal da narrativa, quando o suspense realmente começa. Apesar disso, não há nenhuma novidade para o slasher e home invasion, subgêneros do horror: um assassino mascarado sem motivações aparentes para matar e histórias de invasões domiciliares por delinquentes.

Sequências para esse tipo de filme são inevitáveis, devido ao lucro gerado e baixo orçamento, mas demorou 10 anos para vir à tona. Eis que surge Os Estranhos: Caçada Noturna, continuação que repete a mesma tônica do primeiro. Portanto, desnecessária.

O diretor Johannes Roberts não é nenhum iniciante no horror, mas isso não é sinônimo de qualidade. Após ter dirigido o thriller Medo Profundo, ele arrisca comandar essa sequência que emula tudo que houve no primeiro filme, com pequenas mudanças. O casal é substituído por uma família de quatro membros: Kinsey (Bailee Madison), uma adolescente problemática; Luke (Lewis Pullman), irmão de Kinsey e admirador de baseball; o pai, Mike (Martin Henderson, sósia do Gerard Butler) e a mãe, Cindy (Christina Hendricks).

A família passa uma temporada no chalé dos tios e sofre o mesmo terror visto no primeiro filme. Psicopatas perguntam quem é Tamara ao bater na porta, deixam mensagens nas paredes, teletransportam-se de maneira sobrenatural, utilizam o mesmo modus operandi ao brincar com a vítima antes de feri-la, e assim por diante. As situações possuem poucas novidades.

Assim como em Os Estranhos, essa sequência tem ritmo irregular para um filme do gênero. Repete-se em demasia e só traz melhora no ato final. O elenco é péssimo e não consegue fazer com que o espectador se preocupe com o destino dos personagens. Todos só fazem “caras e bocas”. Christina Hendricks parece que estava no filme a contragosto, com um desinteresse evidente quanto a sua atuação. Em trabalhos desse tipo, pelo menos o ator pode tentar se divertir no papel, algo que a atriz não parece ter sentido em cena. Martin Henderson está bem “canastrão” aqui e os atores que interpretam os filhos são melhores, mas nada que empolgue.

A violência está mais presente: enquanto no primeiro os psicopatas demoravam a atacar, incutiam medo às vítimas sem muitos ataques físicos, nesse eles já são mais ameaçadores em suas investidas. O roteiro escrito por Bryan Bertino (diretor do anterior) com Ben Ketai é pobre e investe nas convenções/clichês do gênero. Personagens tomam decisões inverossímeis em situações de extremo perigo, aquele mesmo vilão onipresente que chega rápido às vítimas, etc.

Uma repetição que o longa faz é quanto à trilha sonora. Os assassinos escutam música para assustar as presas e, nessa sequência, não é diferente; só alternam as canções. A trilha é calcada nos anos 1980 e tem hits de Air Supply, Bonnie Tyler, dentre outros artistas. Além disso, músicas instrumentais que remetem descaradamente a Halloween e John Carpenter. É divertido, mas visto várias outras vezes em fitas melhores.

Outro detalhe interessante: as vítimas reagem violentamente às agressões, algo ausente no filme anterior. Às vezes, permanecem inertes quando não deveriam, mas já é um progresso. E o ato final é movimentado e com uma bela sequência que se passa numa piscina.

Esses poucos pontos positivos são insuficientes para transformar Os Estranhos: Caçada Noturna em diversão garantida. Uma continuação desnecessária como muitas outras só para tentar faturar em nome de uma possível franquia, já que tem um final com um cliffhanger bastante previsível. Prefira A Invasora, Alta Tensão, Hush: A Morte Ouve ou Você é o Próximo, se quer ver um home invasion de melhor qualidade.

Nota: ★✰✰✰✰

Ficha Técnica:

suspense

 

Os Estranhos: Caçada Noturna (The Strangers: Prey at Night)

Ano: 2018

Diretor: Johannes Roberts

Elenco: Bailee Madison, Christina Hendricks, Martin Henderson, Lewis Pullman, Emma Bellomy

Roteiro: Bryan Bertino e Ben Ketai

 

 

Gostou? Siga e compartilhe!

Ibertson Medeiros

Graduado em Direito, sempre quis trabalhar de alguma forma com cinema, pois é uma paixão desde a infância. Cearense, fã dos anos 1970, curte o bom e velho Rock ‘n Roll e um cinema mais alternativo e underground, sem tirar os olhos das novidades cinematográficas.

ibertson has 38 posts and counting.See all posts by ibertson

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *