Festival de Veneza | Nova versão de Nasce Uma Estrela causou impacto no público
Nasce Uma Estrela parece sair de Veneza como o claro líder na disputa pelo Oscar em várias das categorias principais. O longa estreou em Veneza, mas fora da competição do festival. É o terceiro remake do clássico de 1937 e causou furor entre o público, embora parte da imprensa tenha algumas ressalvas. A atenção especial ficou com Lady Gaga, em seu primeiro grande papel no cinema, e Bradley Cooper, que faz seu debut na direção. É a clássica história de uma estrela em ascensão, enquanto a carreira de seu mentor vai ladeira abaixo, mas mesmo toda a previsibilidade (até por se tratar de um remake) parece não tirar o brilho dessa nova versão.
É o que diz Stephanie Zackarek, da revista Time: “a versão de Cooper prova que sempre há como revigorar materiais antigos”. Segundo ela, um dos acertos do diretor, ator e roteirista foi fazer um cinema “direto e sem verniz”. “É maravilhoso ver um cineasta novato que está mais interessado em contar histórias de forma eficaz do que em nos impressionar; contar uma história com eficácia é difícil o bastante”, escreveu ela.
Para Owen Gleiberman, da Variety, “Nasce Uma Estrela é algo pelo qual sempre ansiamos, mas raramente conseguimos ver: um filme transcendente de Hollywood”. Gleiberman explica que o longa pega um romance lendário e melodramático e o transforma “em algo indelevelmente sincero e revelador”.
Ele não poupa elogios a Cooper por seu trabalho como diretor e co-roteirista: “dizer que ele faz um bom trabalho seria subestimar sua realização”. Gleiberman prossegue elogiando o filme e seu realizador ao dizer que “o novo Nasce Uma Estrela é um total nocaute emocional, mas é também um filme que faz você acreditar, a cada passo, no complicado enredo da história que está contando”.
Sobre Lady Gaga, Gleiberman diz que sua performance é “efervescente” e que não deixa que o fato da própria ser uma estrela da música atrapalhe sua personagem: “ela nos deixa ver que o star quality é algo que vive dentro de Ally, mas ainda está esperando para sair”.
Continuando os muitos elogios a Lady Gaga, no The Hollywood Reporter, David Rooney comenta que “Gaga perde completamente sua personalidade pop e exibe um apelo descontraído, limpo e relaxado e um equilíbrio entre resistência e vulnerabilidade como Ally”.
Ele, assim como outros críticos, atentaram para o fato de que quando a personagem alcança o sucesso e sua persona no palco muda, o público sente falta da Ally do início, mais vulnerável e ainda assim forte. “É uma grande decepção que ela troque sua autenticidade para se tornar, bem, uma imitação de Lady Gaga”, diz que, que continua: “ela recebe uma imagem chamativa com cabelos ruivos, um guarda-roupa mais arrebatador e uma equipe de dançarinos de apoio. Paradoxalmente, isso torna o personagem menos atraente”.
Rooney conclui que, embora essa versão de Nasce Uma Estrela não roube o lugar do remake de 1954 (de George Cukor, com Judy Garland e James Mason) como o mais adorado, “o take fresco de Cooper encontra muita quilometragem na saga do showbiz”.
Mas, nem tudo são flores. “Há um subtexto potencialmente rico aqui sobre as formas forçadas em que as mulheres são empacotadas para o sucesso na indústria da música e a realidade difícil do que vende no pop contemporâneo. Mas o roteiro de Eric Roth, Cooper e Will Fetters se recusa a explorar esse caminho, representando uma oportunidade perdida”, conclui Rooney.
Jonathan Romney, do Screen Daily, notou ainda que, embora o filme seja adaptado para os dias atuais, essa adaptação tem falhas. “O filme é esquisito sobre a mecânica da fama hoje: apesar de uma fala descartável sobre algoritmos, a mídia social não parece existir e não faz sentido que o colapso de Jack nos prêmios Grammy tenha causado um tweet chocado”. Ele comentou também sobre a maioria das músicas soares um pouco genéricas.
Não precisaremos esperar muito para descobrirmos por nós mesmos os encantos desse longa. Nasce Uma Estrela estreia no Brasil dia 11 de outubro.