Poltrona Pipoca | Venom

 

A obra dirigida pelo diretor Ruben Fleischer pode ser pontuada com vários itens que provam o seu equívoco, mas irei citar apenas um do qual a base vem de sua origem nos quadrinhos. Não ter o Homem-Aranha na obra pesa, pois é complicado contar uma historia de uma simbionte que se apossa de humanos e toma a forma idêntica do amigão da vizinhança.

Nós acompanhamos Eddie Brock (Tom Hardy), um bem-sucedido repórter investigativo, que tem uma vida amorosa e bem estruturada. Isso muda quando Brock vai entrevistar o magnata Carlton Drake (Riz Ahmed), e o acusa de fazer experimentos que matam humanos em sua empresa, fazendo nosso protagonista perder o emprego e o seu grande amor.

É interessante ver a degradação do personagem, mesmo que seja bem superficial; Tom Hardy consegue entregar algo eficiente. A partir do momento em que Eddie entra em contato com o simbionte, a insanidade na atuação de Hardy vai além. Sem dúvidas, uma das coisas que mais funcionam na obra, trazendo essa loucura, e uma ótima interação entre ele e Venom.

Foto: Sony Pictures Entertainment

Introduzir um pouco de humor nessa interação seria um ótimo acerto se o filme fosse algo mais pesado, a decisão de não ter uma gota de sangue na obra toda é claramente equivocada. Um personagem tão sanguinário como o Venom, perde muita força, dando a impressão de que estamos assistindo um desenho animado.

A música do filme tem alguns momentos muito bons, mas no geral é genérica e esquecível. O CGI consegue ser algo extremamente amador, parecendo projeto de designers iniciantes, algo inaceitável no cinema hoje em dia, já que a tecnologia evoluiu tanto, e uma obra dessas proporções acabar entregando algo pífio nesse quesito chega a ser irritante.

Durante todo o filme, entendemos que as simbiontes precisam se adaptar ao hospedeiro, mostrando várias cobaias sendo desintegradas pelas criaturas. Ao construir isso, e vermos que Brock é compatível com o Venom, após um grande sofrimento do personagem, o roteiro se mostra incoerente, quando Riot (outra simbionte) simplesmente do nada se mostra compatível com Carlton Drake, sem nenhum tipo de explicação, simplesmente para ser o embate entre “justiça e egoísmo” mais estúpido possível.

Tudo que era ruim acaba se agravando no ato final da obra, trazendo soluções fáceis, personagens mal desenvolvidos sendo introduzidos sem nenhum sentido; até o relacionamento de Brock e Anne Weying (Michelle Williams) que vinha sido bem trabalhado, se torna algo superficial. Fora que Anne simplesmente aparece em todos os locais do filme — bom, se a personagem tem algum poder de teletransporte ou uma habilidade de voo, o roteiro não fez questão de nos mostrar isso.

Venom é uma obra que tinha potencial, se não tivesse sido tratada com tanto equívoco. Tem bons momentos que divertem, mas acaba tratando seu público como um idiota, sem pensar duas vezes. Provavelmente, a pior obra baseada nos quadrinhos dessa década.

Nota: ★★✰✰✰

 

Ficha Técnica

Direção: Ruben Fleischer

Roteiro: Jeff Pinkner, Scott Rosenberg, Kelly Marcel

Elenco: Tom Hardy, Michelle Williams, Riz Ahmed, Scott Haze, Reid Scott, Jenny Slate, Melora Walters, Woody Harrelson, Peggy Lu

Fotografia: Matthew Libatique

Trilha Sonora: Ludwig Göransson

Montagem: Alan Baumgarten, Maryann Brandon

Direção de Arte: Christophe Couzon, Doug Fick, Martin Gendron, Gregory S. Hooper, Drew Monahan, Troy Sizemore, James F. Truesdale

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Ítalo Passos

Cearense, estudante de marketing digital e crítico de cinema. Apaixonado por cinema oriental, Tolkien e ficção científica. Um samurai de Akira Kurosawa que venera o Kubrick. E eu não estou aqui pra contrariar o The Rock.

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