Clube Cartoon | Homem-Aranha no Aranhaverso
A produção da Sony, Homem-Aranha no Aranhaverso, venceu, no último domingo, o prêmio de Melhor Filme Animado na 76ª edição do Globo de Ouro. O longa do aracnídeo, ao invés de acompanhar a rotina de Peter Parker, foca em Miles Morales (Shameik Moore). Ele é um adolescente negro que mora em Nova York e adquire seus poderes, após ser picado por uma aranha radioativa.
A animação pode ser considerada o melhor filme de herói dos últimos anos, se destacando tanto quanto Homem-Aranha 2, de 2004, dirigido por Sam Raimi. O longa é o primeiro capítulo de uma saga que pretende desvendar a vida e as práticas dos vários Aranhas que co-existem.
Miles é muito carismático. Na primeira cena em que aparece, o garoto está desenhando um projeto de grafite enquanto canta. Cantar é sua maneira de relaxar, de se desligar do mundo. Como todo adolescente, ele é um pouco tímido e tem dificuldade de se expressar. E, para piorar, passa pelo processo de transição de troca de escola. Ir para o colégio novo, longe da sua casa, no qual ele terá que fazer novos amigos, é apenas mais um dos muitos dilemas dessa fase da sua vida.
As variadas personalidades do Homem-Aranha se adequam a suas realidades de acordo com suas necessidades. O herói que representava apenas a juventude passa a também representar adultos, já que Miles começa a atuar na cidade ao mesmo tempo que Peter Parker. Temos, assim, um adolescente de 15 anos e um adulto de 26, divididos entre salvar a cidade e resolver a sua vida.
Há ainda no Aranhaverso heróis aracnídeos de todos os tipos e formas. Gwen-Aranha e Aranha Noir são exemplos dessa variedade. Ela é uma bailarina-acrobata, com senso de justiça, combatendo o crime; ele, um Aranha que lembra muito o Spirit, de Will Eisner.
E não só as personalidades demarcam as diferenças entre os universos. Homem-Aranha no Aranhaverso também manipula a estética a seu favor e mescla estilos de quadrinhos, permitindo que no mesmo lugar que se encontra um cabeça de teia desenhado no estilo americano, há um porco desenhado em estilo cartoon e uma garotinha em estilo mangá, que pilota um robô.
Ao mesmo tempo que a animação é bem elaborada e exige raciocínio rápido do espectador, ela não se leva a sério ao ponto de ser maçante. Isso torna o filme extremamente divertido e fluido. As piadas se encaixam na narrativa, os diálogos são bem ajustados e o carisma entre os personagens o bastante para não deixar confuso o ambiente, mesmo que cheio de personagens — o que vimos dar muito errado em Homem-Aranha 3.
O time de dubladores é composto por nomes como Shameik Moore (da série da Netflix, “The Get Down”), Mahershala Ali (vencedor do Oscar por “Moonlight”) e Nicolas Cage (“Con Air”, “A Lenda do Tesouro Perdido”).
Homem-Aranha no Aranhaverso eleva ao máximo o resultado que pode se obter ao se fazer um filme de herói.
Nota: ★★★★★
Ficha Técnica:
Nome original: Spider-Man: Into the Spider-Verse
Ano: 2018
Direção: Bob Persichetti, Peter Ramsay e Rodney Rothman
Roteiro: Phil Lord e Rodney Rothman
Vozes originais: Shameik Moore, Jake Johnson, Hailee Steinfeld, Mahershala Ali, Brian Tyree Henry, Lily Tomlin, Zöe Kravitz, Nicolas Cage, Kathryn Hahn, Liev Schreiber, Chris Pine e Lake Bell
Montagem: Robert Fisher Jr.
Trilha Sonora: Daniel Pemberton
Muito bom, adorei! Não imaginava que era isso, ganhou um leitor. Obrigado! 😉
Que bom que você gostou. Essa animação foi um dos meus filmes preferidos de 2019. Abraços.
:)))
Valeu!