Love, Club | Como Superar Um Fora

 

 No ano passado, a Netflix lançou diversos filmes de romance que fizeram muito sucesso. No entanto, um deles passou quase despercebido pelo grande público. Como Superar Um Fora conta a história de Maria Fe (Gisela Ponce de León), uma publicitária que, após seis anos de namoro, toma um pé na bunda por Skype de Matias (Andrés Salas).

 A partir daí, Maria Fe se vê obrigada a abandonar todos os planos conjuntos, mudar sua rotina, seus hábitos e se reinventar. Para isso, ela conta o apoio de sua melhor amiga, Natalia (Karina Jordan), seu amigo do trabalho, Santiago (Christopher von Uckermann) e da sua nova companheira de apartamento, Carolina (Jely Reátegui). Ela vai pra balada, testa aplicativos de conquista, conhece outras pessoas, mas o fantasma do ex sempre volta a aparecer. Tanto em sua cabeça, encenando conversas fictícias, quanto ligando para ela quando se sente carente, o que a faz retornar a sua banheira.

O enredo, apesar de não ser muito profundo, rende algumas reflexões e risadas, e tem a capacidade de aproximar a personagem principal do público que, em determinado momento, dá a sensação de que ela poderia facilmente ser sua amiga que está na bad porque terminou um relacionamento longo.

Além de abordar a vida amorosa de Maria Fe, o lado profissional também é bastante presente. Quando ela começa a se priorizar, dá voz a um sonho antigo de se tornar escritora e cria um blog chamado Soltera Codiciada (Solteira Cobiçada, em tradução livre) em que narra suas dificuldades de viver seu novo status. Essa narrativa rende uma das melhores — e mais libertadoras — cenas do filme, em que a personagem discute com seu chefe machista. Muitas palmas por essa!

Outros pontos que valem destacar desta produção peruana são a fotografia e a trilha sonora. Os cenários são incríveis, fofos e modernos, e encaixam perfeitamente com o roteiro. Sobre as músicas, o ponto alto é a cena de Maria Fe andando pela rua, segura de si, feliz com sua nova vida, cantando o rap “A tus pies” do Inkas Mob, mas as canções latinas fazem parte de diversos momentos bacanas.

O que realmente deixa a desejar é o perfil masculino da série. Matias é um clássico hipster de cabelos longos, coque e barba que é carente a ponto de procurar a ex-namorada sempre que fica carente e dispensá-la quando já se sente melhor. Seu chefe é machista, com diversas falhas de caráter e preso ao sucesso que já teve em sua carreira. Santiago é o único que tem mais facetas e mais bacanas: bem-humorado, companheiro, prestativo, amigo e bem-sucedido. E para quem ficou em dúvida: sim, ele é o Diego Bustamante da novela mexicana Rebelde.

 O final traz um importante questionamento para as mulheres sobre contos de fadas. Será que somos sempre as princesas que precisam ser salvas? Não podemos ser as fadas madrinhas ou nos salvar sozinhas? #FicaAReflexão

 

Nota: ★★★★✰

 

Ficha técnica:

Nome Original: Soltera Codiciada

Ano: 2018

Direção: Bruno Ascenzo e Joanna Lombardi

Roteiro: Maria José Osorio

Elenco: Gisela Ponce de León, Karina Jordan, Christopher von Uckermann, Jely Reátegui, Andrés Salas

Montagem: Eric Williams

Fotografia: Roberto Maceda Kohatsu

Diretor de Arte: Mário Frias

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Natália Lippo

Paulistana, é formada em jornalismo e é de Peixes com ascendente em Peixes. Adora um bom filme – mesmo que seja clichê – e revê milhões de vezes aqueles que mais gosta. Não larga as séries, os livros e acredita que deveria ser socialmente aceitável dançar as músicas que tocam nos fones de ouvido na rua.

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