Love, Club | Loucamente Apaixonados

 

Poucos romances são tão autênticos quanto o de Anna e Jacob em Loucamente Apaixonados. Se é pela entrega da dupla Felicity Jones e Anton Yelchin‎, pelo roteiro em partes improvisado, ou pela direção realista de Drake Doremus, é difícil definir.

Anna é uma universitária londrina vivendo em Los Angeles. Aspirante a escritora, ela se declara para seu colega de classe, Jacob, através de uma carta escrita à mão. Uma carta longa, diga-se, que termina com um pertinente post scriptum “não pense que sou louca!”. Mas nem o jovem, nem o espectador, julga dessa maneira, mesmo quando ela toma decisões no ímpeto para viver esse amor. Pelo contrário, para o espectador é rápido e fácil se identificar.

Com o término do curso, o casal precisa se separar, pois a garota é obrigada a voltar para a Inglaterra. E sabe aquelas decisões inconsequentes mencionadas anteriormente? Anna decide ignorar a validade do seu visto de estudante e ficar o verão todo na companhia do novo namorado. Perfeitamente compreensível, porém isso acaba acarretando em todos os problemas que eles virão a enfrentar. Depois que volta para Londres e decide retornar para Los Angeles, ela descobre que a violação do visto a impedirá de voltar aos Estados Unidos por tempo indeterminado.

Loucamente Apaixonados

A partir daí está permitido sofrer junto com eles. Longe um do outro, assistimos aos personagens vivendo suas vidas como podem, em seus papéis de adultos, trabalhando e saindo a noite com os amigos. A dor da ausência é visível no olhar e um telefonema desengonçado é mais que suficiente para isso ficar claro. A quebra na voz, o cuidado com as palavras, a súbita vontade de retornar a ligação depois que a primeira não se sai muito bem.

Em tempos de internet e namoros a distância, o longa mostra que é preciso muito mais que amor para lidar com a situação. Uma simples ligação, por exemplo, exige planejamento devido ao fuso-horário, e as obrigações profissionais também passam a ser um empecilho. O sentimento é inegável, está estampado em cada pedacinho do filme, mas como fazer a manutenção de um relacionamento que começou tão louco e intenso e que agora era só frustrante?

Cada dificuldade é tratada de forma muito sincera e sem firulas por Doremus, que opta por uma estética realista, com câmera na mão e jump cuts, remetendo até a filmes da nouvelle vague. Ele explora esses pequenos momentos da jornada de Anna e Jacob com muita atenção aos detalhes, gestos e olhares. Felicity Jones foi revelada ao mundo aqui, com uma performance encantadora e absolutamente natural. Sua Anna é sensível, gentil e determinada. Anton Yelchin estava igualmente perfeito e provava ser um ator que tinha muito futuro pela frente. Ambos transbordam química nos noventa minutos de filme.

Loucamente Apaixonados

À medida que o tempo passa, um abismo emocional se instala entre os dois protagonistas . Novos parceiros surgem, pessoas que tinham quase tudo para fazer a vida deles felizes, mas a presença retumbante desse relacionamento que nunca terminou simplesmente não permite.

Com algumas guinadas interessantes que soam tão naturais que é difícil até de percebê-las, Loucamente Apaixonados se aproxima do seu final, que é de uma delicadeza e honestidade arrebatadoras. Ele acentua toda aquela relação que, se uma vez fora forte e sólida, agora era apenas quebrada. E quando os créditos finais surgem, cheios de melancolia, somos obrigados a decidir sozinhos que futuro seria menos doloroso para os dois personagens.

Nota: ★★★★★

Ficha Técnica

Nome original: Like Crazy

Ano: 2011

Direção: Drake Doremus

Roteiro: Drake Doremus, Ben York Jones

Elenco: Anton Yelchin, Felicity Jones, Jennifer Lawrence, Charlie Bewley, Alex Kingston, Oliver Muirhead

 

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Evandro Lira

Evandro gosta tanto de filmes que escolheu a opção Cinema e Audiovisual no vestibular, e hoje cursa na UFPE. Em constante contato com a cultura pop, se divide entre as salas de cinema, as aulas sobre Eiseinsten, xingar muito no Twitter e a colaborar com o Clube da Poltrona.

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