Sci-Fi | Guerra dos Mundos (2005)

 

O Livro A Guerra dos Mundos foi escrito por H. G. Wells há mais de um século, e pode não ser de conhecimento geral, mas teve muitas influências na história do cinema. Em 30 de outubro de 1938, a CBS, uma emissora de rádio americana, transmitiu um episódio da série antológica de rádioteatro estadunidense, The Mercury Theatre on the Air. Dirigido pelo ator e futuro cineasta Orson Welles, o episódio foi uma adaptação da ficção escrita dele citada acima. Esse acontecimento ficou famoso pelo caos que causou entre vários cidadãos americanos, que entraram em pânico e fugiram de suas casas por achar que tudo que se ouvia no rádio eram acontecimentos reais.

Em 1953 o livro ganhou sua primeira adaptação para o cinema, ficou bastante marcado pelos efeitos especiais e por novamente causar certo pânico em algumas cidades — as pessoas achavam que o longa era um prelúdio do apocalipse.

Steven Spielberg foi o responsável pela segunda adaptação da obra para os cinemas, aqui ele traz a obra de Wells para os dias de hoje, fazendo uma referência das adaptações anteriores nas primeiras cenas do filme, ao mostrar vários noticiários na tv e eventos naturais com raios causando caos em algumas cidades do mundo. Na versão do Spielberg, ele mostra como a humanidade mudou, não dando mais 100% de atenção ao que passa na televisão.

Spielberg também cria uma atmosfera mais sombria, aproveitando bastante as sombras para explorar o medo do desconhecido dos personagens. Durante a primeira aparição dos tripods, que atacam os humanos, a fotografia está com um filtro mais acinzentado, uma paleta de cores mais sóbrias, dando toda uma sensação de desesperança.

 

A música é bem pontual, se destacando apenas em momentos de mais ação; o filme acerta em cheio em aproveitar os sons diegéticos quando os personagens correm perigo em lugares mais fechados, onde a tensão é maior. Claro que o diretor e o compositor John Williams poderiam criar um tema mais lento e aterrorizante, mas deixar sem música torna esses momentos mais criveis.

A câmera na mão e alguns planos longos também criam uma imersão, nos colocando praticamente dentro das cenas com os personagens. Se tem algo que Spielberg sabe é fazer com que seu público se sinta parte de seu filme, principalmente em cenas de mais ação.

Um dos pontos que o filme não é tão bom é seu elenco. Tom Cruise faz bem o papel de um pai que busca a todo momento proteger seus filhos para provar que é capaz de ser um bom pai. Dakota Fanning ainda consegue fazer um papel decente, de filha mimada e assustada, mas Justin Chatwin é o que mais nos tira da obra, com um personagem sem carisma nenhum e que falha muito em tentar ser o estereótipo de jovem americano que quer ajudar sua pátria a se manter viva.

O roteiro também pesa um pouco a mão no desenvolvimento daquela relação familiar, muitas vezes tirando o foco da obra para explorar essa situação. Não chega a estragar a obra em si, mas o interesse do público está em outro foco.

A montagem é um dos pontos altos da obra, se aproveita de cenas mais escuras e faz bem a transição de uma cena onde os personagens estavam em grande perigo, para onde outros dois trocam diálogos. É inteligente, pois não quebra o ritmo da obra, mantendo o público focado, mesmo saindo de uma cena mais ativa e entrando em outra mais tranquila.

É interessante também notar que Spielberg manteve o visual dos tripods o mais fiel possível, atualizando bem e os tornando imponentes. Explora também o fato de a vida na terra ser algo tão valioso e raro, que nem todos podem decidir exterminar uma raça sem sentir as consequências.

 

 

Guerra dos Mundos vai além de uma simples ficção científica, ele fala sobre família — mesmo que não tão bem assim — e de como os seres humanos são seres fáceis de se auto destruir; que em caso de uma desordem, a tendência é cada um seguir mais egoísta que o outro.

Nota: ★★★★✰

 

 

Ficha Técnica

Nome Original: War of the Worlds

Ano: 2005

Direção: Steven Spielberg

Roteiro: Josh Friedman, David Koepp

Elenco: Tom Cruise, Dakota Fanning, Miranda Otto, Justin Chatwin, Tim Robbins, Rick Gonzalez, Yul Vazquez, Lenny Venito

Fotografia: Janusz Kaminski

Trilha Sonora: John Williams

Montagem: Michael Kahn

 

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Ítalo Passos

Cearense, estudante de marketing digital e crítico de cinema. Apaixonado por cinema oriental, Tolkien e ficção científica. Um samurai de Akira Kurosawa que venera o Kubrick. E eu não estou aqui pra contrariar o The Rock.

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