Listão do Clube | Grandes diretores também erram: os piores filmes de cineastas consagrados

 

Atire a primeira pedra quem nunca cometeu aquele deslize na vida! É claro que não seria diferente para os grandes do cinema. Diretores consagrados, donos de algumas das maiores obras-primas da sétima arte também fizeram alguns filmes bastante questionáveis ao longo da carreira. E é exatamente desses longas que estamos falando no nosso Listão do Clube! Puxa a poltrona e boa leitura.

 

Francis Ford Coppola Jack (1996) 

Em JackRobin Williams interpreta um garoto que envelhece a uma taxa quatro vezes superior à normal. Aos 10 anos, ele se parece como um homem de 40 anos. Coppola trouxe uma situação semelhante em Peggy Sue – Seu Passado a Espera (1986), onde uma mulher de 43 anos se vê dentro de seu próprio corpo adolescente, mas ali as coisas correm bem. A comédia pastelona do personagem Jack, não é capaz de ter empatia com os processos de pensamento de uma criança de 10 anos. Parecem situações que apenas o diretor e roteiristas puderam imaginar, mas que uma criança, provavelmente, não poderia. O filme é repleto de clichês e piadas prontas, como um desafio de comidas nojentas ou o personagem forçado e caricato de Williams vendo uma revista de mulher pelada. Uma narrativa tão pobre que fica difícil acreditar que seja uma obra de Francis Ford Coppola. 

Por Elaine Timm

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Wim Wenders e Submersão (2017) 

Se o único elemento digno de nota são as atuações dos protagonistas que representam conceitos diferentes de lidar com a vida (evidenciado pelo pôster e pela óbvia relação dos dois com a água), o roteiro realiza uma espécie de auto sabotagem ao fazer com que o casal divida a tela somente no primeiro ato, estendendo o filme por mais de uma hora numa fracassada e entediante tentativa de tornar-se politicamente engajado e tragicamente poético. 

Repleto de pretensiosismo barato que beira o insuportável, a vontade que fica é de rever Paris, TexasAsas do Desejo, O Sal da Terra e tantos outros de Wim Wenders para amenizar tamanha experiência cansativa e, até mesmo, para apagar da memória que um diretor tão prestigiado (e vencedor da Palma de Ouro em Cannes) poderia fazer uma obra de baixíssima qualidade. 

Por Jonatas Rueda 

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Martin Scorsese e Gangues de Nova York (2002) 

Em uma carreira cheia de obras-primas, Martin Scorsese também mostra que pode falhar. Mesmo que não seja um desastre total, Gangues de York é um dos filmes mais problemáticos do diretor. A decisão de matar um dos personagens mais interessantes da obra logo no início do filme se mostra muito equivocada quando o protagonista, Amsterdam Vallon, vivido por Leonardo DiCaprio, não consegue sustentar a obra sozinho. 

Até o relacionamento entre Vallon e Jenny é algo muito artificial, sem qualquer entrosamento e cercado de momentos bregas. O que salva de fato a obra é a atuação monstruosa de Daniel Day-Lewis, que personifica a fúria através de cada atitude de seu personagem. Mas, apenas isso, não muda o fato de que o filme fica bem abaixo do que Scorsese é capaz.  

Por Ítalo Passos 

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David Lynch e Duna (1984) 

O filme é baseado no primeiro volume da série de ficção científica escrito por Frank Herbert. Um universo particular, com léxico próprio que pode confundir o espectador e diversas subtramas e personagens, pode facilmente se tornar um problema. E foi isso o que aconteceu com Duna. Inicialmente, o filme seria produzido e dirigido por Alejandro Jodorowski, com a participação de nomes das várias artes (Mick Jagger, Salvador Dalí, Pink Floyd, dentre outros). Após desavenças entre os desenvolvedores e o alto custo pretendido para a produção, o roteiro foi oferecido a Riddley Scott, mas não foi desenvolvido. Às vésperas do prazo esgotar, Lynch assume a direção e, diante da impossibilidade de transcrever toda a complexidade do primeiro livro, o filme se tornou uma releitura que parece flutuar no meio termo: não se assemelha ao livro, nem à estética de Lynch. Está longe de ser um produto horrível, mas carrega em si os problemas da pré-produção, um corte que transformou 4h em 2h de projeção e conta com a aversão dos fãs literários e da crítica de cinema.  

Por Yasmine Evaristo 

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Steven Spielberg e O Bom Gigante Amigo (2016) 

Steven Spielberg é um mestre em contar histórias fantásticas, mas dessa vez não colou. Parece engraçado esperar que um filme sobre a amizade entre uma garotinha órfã e um gigante seja algo crível, mas Spielberg teria capacidade para isso. Ele já nos entregou enredos assim antes, como em E.T., onde soube trabalhar a amizade pura de um garoto com um ser extraterrestre de uma forma cativante. Além disso, O Bom Gigante Amigo é também um filme com aventura, outro meio por onde Spielberg sabe navegar muito bem, já que tem obras como Jurassic Park Indiana Jones no currículo. Mas, para contar a história do gigante bonzinho, adaptada do livro infantil de Roald Dahl, Spielberg pareceu se valer demais do ótimo CGI e se preocupar de menos em desenvolver as camadas de seus personagens. Claro que, se tratando de uma história para crianças, é compreensível alguns traços mais expositivos na narrativa. Porém, isso não significa que as emoções não possam ser exploradas com um pouco mais de profundidade. Nunca subestime o público infantil! 

Por Roseana Marinho 

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David Fincher e Alien 3 (1992) 

Alien é uma franquia consagrada. O original, de 1979, foi um marco para o cinema em geral e para a ficção-científica. Trabalho ingrato para David Fincher em comandar um terceiro filme, após o sucesso dos antecessores de Ridley Scott e James CameronFincher já era um conhecido diretor de videoclipes, bem antes de sua consagração de hoje, e Alien 3 foi seu debut em longa-metragem. Infelizmente, o filme é bem aquém da qualidade dos anteriores e considerado um dos piores da franquia. A culpa não foi só de Fincher, cujo filme teve vários problemas internos de produção e afins, mas, dois anos mais tarde, Fincher lançaria Seven: Os Sete Crimes Capitais e mudaria sua carreira e impressão dali em diante. 

Por Ibertson Medeiros 

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Roman Polanski e Baseado em Fatos Reais (2017) 

Baseado em Fatos Reais é um filme lançado em 2017 dirigido por ninguém menos que Roman Polanski. Responsável por alguns grandes clássicos do cinema como O Bebê de Rosemary e Chinatown, Polanski tentou beber aqui da água de longas como O Sexto Sentido e Cisne Negro, mas morreu na praia. O melodrama que envolve as duas personagens vividas por Emmanuelle Seigner e Eva Green se estende por mais tempo do que deveria, especialmente quando se é possível entender desde o início o que se passa entre elas. Beira o amadorismo a maneira como as coisas se desenrolam, e como o filme jura que está sendo denso e inteligente. Envolto em uma sucessão de clichês, diálogos fracos e tentativas frustradas de criar tensãoBaseado em Fatos Reais poderia até virar o jogo no final, mas só consegue ser decepcionante. 

Por Evandro Lira 

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Evandro Lira

Evandro gosta tanto de filmes que escolheu a opção Cinema e Audiovisual no vestibular, e hoje cursa na UFPE. Em constante contato com a cultura pop, se divide entre as salas de cinema, as aulas sobre Eiseinsten, xingar muito no Twitter e a colaborar com o Clube da Poltrona.

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