Baú de Inventário | 10 filmes que viraram games…

 

Uma das coisas mais naturais do mundo é algo fazer sucesso em uma mídia e migrar para outra, ampliando o lucro alcance de um produto; e isso sempre foi assim. Então, estão aqui 10 filmes que viraram games! A escolha foi feita por relevância do filme, ou do jogo, ou por ser inusitada a sua existência. Tive que deixar alguns de fora, pois eles sozinhos já dariam um belo texto. Então senta na poltrona que lá vem a lista…

 

Jaws (Tubarão)

Sim, o clássico de Steven Spielberg foi agraciado com alguns jogos. Eu disse alguns? Sim!

Em 1987, para o conhecido NES (Nintendo Entertainment System), um game em formato side scroller (jogo de ação em que personagem só pode se mover para direita ou esquerda), onde você assume a papel de um mergulhador na caça do grande tubarão branco, mas sem muita conexão com a história do filme.

Jaws para NES.

Em 2006 ele ganhou novo game, que saiu para PC, Playstation 2 (PS2) e Xbox; além de mais tarde, em 2011, ser adaptado para o Nintendo Wii e Nintendo 3DS. Desta vez você assume o papel do tubarão, tendo que caçar outros predadores, banhistas e, por incrível que pareça, enfrentar navios, iates, submarinos, mechas (robôs) e até um fucking helicóptero! E vocês aí, achando que Sharknado era original.

Skarknado Jaws em sua versão para Nintendo Wii.

Nenhum destes jogos fez sucesso e nenhum animal ou banhista foi ferido durantes suas produções.

 

Rocky (Rocky: Um Lutador)

Não se trata de usar uma franquia famosa, mas sim do game ser bom! Era para ser isso, mas não é exatamente assim com a franquia Rocky.

Em 1987, o console da Sega, Master System recebeu um game intitulado apenas de Rocky – originalidade, hein? –, onde você enfrenta Apollo Creed, Clubber Lang e Ivan Drago, misturando os quatro primeiros filmes da franquia, tendo na capa uma imagem do quarto filme e a sprite (o desenho em pixel do personagem) claramente inspirada no Sylvester Stallone do segundo filme da franquia.

Rocky para Master System.

Em 2002 foi lançado para PS2, Game Cube (GC), Xbox e Game Boy Advance (GBA), mais um game. Desta vez você acompanha a carreira completa de Rocky, desde suas lutas no boxe amador até se tornar campeão mundial. O game sustenta um honroso 74 no Metacritic. Chegou a ganhar uma sequência, Rocky Legends; que ficou no limbo entre bom e ruim.

Imagem da icônica luta de Rocky contra Ivan Drago, no PS2; onde Rocky basicamente não vence apenas Drago, mas a Guerra Fria!

 

Beauty and the Beast (A Bela e a Fera)

Games inspirados em obras da Disney existem a rodo e é possível fazer uma lista que vai ao infinito e além! Mas A Bela e a Fera foi indicado ao Oscar de Melhor Filme e levou duas estatuetas (Melhor Trilha Sonora e Melhor Canção Original).

Certo, mas e os games? Teve para NES, SNES (Super Nintendo), Mega Drive e PC. Todos em anos diferentes e desenvolvedoras diferentes. Mas vale a pena mencionar a versão do SNES, que possui uma arte bonita, em um jogo de ação de plataforma até um tanto desafiador; e a do PC, que era simples, voltada para um público infantil, mas que possuía traços da animação que eram interessantes e agradáveis de serem vistos em tela.

Game em plataforma do SNES.

Porém, nenhum game inspirado neste filme tem algum peso para o mundo dos video games. Já o próximo desta lista…

 

007 GoldenEye (007 Contra GoldenEye)

Agora estamos falando do filme que revitalizou a franquia de 007, após um hiato de 6 anos sem filmes por conta de uma batalha judicial; em 1995 sai o primeiro filme com Pierce Brosnan como Bond, James Bond.

Em 1997, para Nintendo 64 (N64), é lançado GoldenEye 007! Game com ótimos gráficos para a época, que conseguiu provar, ao lado de Turok, que é possível fazer um bom FPS (First Person Shooter) em consoles, graças ao analógico do controle do N64, que tornava a mira mais precisa. Além disso, vale lembrar do multiplayer para 4 jogadores, com a tela dividida, já que o console comportava até 4 controles; e ficávamos horas e horas mandando bala uns nos outros.

O multiplayer onde todos viam o que os adversários faziam.

Se falarmos em espionagem, existem games que fizeram melhor isso e na mesma época; mas FPS, a desenvolvedora Rare mandou muito bem com 007 e outros jogos nesse período.

 

First Blood ou Rambo: First Blood (Rambo: Programado Para Matar)

Outro icônico personagem do Sylvester Stallone, John Rambo, ou apenas Rambo; teve 5 games razoáveis na década de 80, entre 1985 e 1989, praticamente um por ano e para inúmeras plataformas. Estes games não chegaram a manchar a reputação da franquia – quer dizer, relevando tudo que veio depois do primeiro filme –; e em 2008 ganhou um game para Arcade, apenas no Japão, que foi duramente criticado.

gameRambo para Mega Drive.

Em 2014 veio a cereja do bolo de merda, Rambo: The Video Game, para PC, PS3 e Xbox 360. O enredo inicia-se com acontecimentos que antecedem o primeiro filme e vai avançando por toda a franquia, sem sair muito da trama original, obrigando os jogadores a apenas “rever” os filmes, sem deixá-los explorar muita coisa. Gráficos estranhos para a época e baixa qualidade de áudio fecham com chave de cocô os 23 pontos no Metacritic.

O trailer do game já dava uma noção do quanto ele era zoado. Imaginem um gameplay!

Não foi desta vez que Rambo cumpriu sua missão.

 

The Godfather (O Poderoso Chefão)

Clássico indiscutível do cinema, dirigido por Francis Ford Coppola em 1972, levou 3 Oscars: Melhor Filme, Melhor Ator e Melhor roteiro adaptado.

Agora vamos para 2006 – mais de 30 anos depois do filme! –, quando a AE (Eletronic Arts) trouxe à vida para vários consoles The Godfather: The Game.

Capa do game com a icônica imagem do Marlon Brando como Vito Corleone.

A produtora conseguiu trazer vários atores do filme para dublarem seus personagens, com as exceções de Marlon Brando (que ainda estava vivo quando o jogo começou a ser produzido, mas recusou dublar), John Cazale (morto em 1978) e Al Pacino (não autorizou o uso de sua imagem). Coppola não gostou do game, alegando ser muito diferente do filme. Porém, ele mantém uma nota média de 74 no Metacritic; e alguns jogadores afirmam que é legal justamente por fugir do roteiro original; enquanto outros dizem não passar de um GTA (Grand Theft Auto) fantasiado de The Godfarher – não consigo negar que parece mesmo com o GTA da época.

gameGTA The Godfather para PS2.

 

The Matrix (Matrix)

Matrix é um marco na ficção científica, trabalhando conceitos desenvolvidos por Isaac Asimov (Eu, Robô) e Willian Gibson (Neuromancer), com fortes influências de obras orientais, como Ghost in the Shell; tornando-se um conjunto bem executado de suas referências e ganhando 4 Oscars.

Isso gerou um grande hype para suas sequências, o que inclui games! Foi na onda do Matrix Reloaded que a desenvolvedora Shiny Entertainment, com direção das irmãs Wachowski (diretoras dos filmes), lançou Enter The Matrix no mesmo dia do filme.

gameTela de seleção de Niobe e Ghost em Enter The Matrix.

Possuindo uma trama paralela, onde você joga com Niobe ou Ghost (personagens secundários) em missões para ajudar Neo. O game não agradou muito aos fãs, que esperavam jogar com Neo; além de ser notória a pressa para seu lançamento junto ao filme. Ganhou uma sequência, The Matrix – Path of Neo, onde os jogadores usavam o protagonista dos filmes; tendo uma melhor aceitação, mas nada muito relevante.

gameSequência muito lembrada do segundo filme recriada em The Matrix – Path of Neo.

 

The Warriors (Os Selvagens da Noite)

Esse é o filme mais inusitado nesta lista a ganhar um game. The Warriors é um filme que não rendeu muito em sua época, mas que ganhou status de cult com o passar dos anos, migrando para várias mídias.

Umas das cenas mais icônicas do filme! Warriors, Come out to play-ay…

Com versões para Xbox e PS2 em 2005, para Playstation Portable (PSP) em 2007 e podendo ser adquirido hoje no PS3 e Playstation 4 (PS4); The Warriors é um game de beat ‘em up (conhecido por aqui como “briga de rua”), desenvolvido pela Rockstar (o famoso estúdio de GTA).

A porrada comendo solta no meio da rua na versão para PS2.

O game consegue recriar bem a atmosfera do filme e possui uma boa mecânica de combate. O estilo beat ‘em up, que estava parcialmente morto desde o final da década de 90, combinou bem com a proposta do game e tem exatamente o espírito do filme: várias gangues se enfrentando na rua; conseguindo manter notas médias ou altas em todas as grandes mídias especializadas.

 

Blade Runner (Blade Runner, O Caçador de Androides) 

Baseado – ou quase – em Do Androids Dream of Electric Sheep? (Androides Sonham Com Ovelhas Elétricas?), Blade Runner, dirigido por Ridley Scott, não fez tanto sucesso assim na década de 80. Porém, mais tarde ganhou muita relevância, tornando-se referência dentro do seu gênero e status de filme cult.

Em 1997, ganhou um game desenvolvido pela Westwood Studios, de point-and-click adventure (estilo de jogo onde você clica em peças do cenário e ele dá opções de ações para explorar o ambiente), gênero que teve seu auge entre as décadas de 80 e 90; onde você incorporava o agente novato Ray McCoy na investigação de um grupo de replicantes suspeitos de matar animais (crime hediondo, dado ao fato que a maioria das espécies entrou em extinção).

gameUma cena aleatória do game sem relevância para sua vida.

O game não teve muita repercussão e já saiu em um período onde o gênero estava perdendo força; além de ficar ofuscado por títulos como The Secret of Monkey Island e Full Throttle.

 

E.T. the Extra-Terrestrial (E.T.: O Extraterrestre)

E para finalizar a lista com chave de ouro, novamente algo do Spielberg.

Saindo para Atari 2600 em 1982, em um período conturbado para a indústria dos games, que estava entrando em crise (o famoso crash de 83); E.T. foi apressado para que saísse junto com o filme, resultando em um trabalho de pouco primor e originalidade.

Nem o game do E.T. de Varginha (Incidente em Varginha) decepcionou tanto!

Dados não oficiais dizem que apenas a licença para uso de imagem no game custou cerca de 25 milhões de dólares. Ele chegou a vender 1,5 milhões de unidades, mas tinha uma expectativa de 3,5 milhões, dando um baita prejuízo para a Atari, que dominava o mercado. Um prejuízo tão grande que, reza a lenda, o custo de armazenamento das unidades restantes era tão alto a ponto de preferirem enterrá-las no deserto; tornando esse game o último prego da tampa do caixão para o início oficial do crash.

Em 2014 é lançado Atari: Game Over, documentário que contextualiza o crash de 83. Nele é mostrado o lugar onde alguns dos cartuchos foram enterrados, dando vida a lenda. Porém, muitos ainda não acreditam nisso, alegando não passar de uma jogada de marketing.

Imagem retirada do documentário. E aí, alguém acredita pra valer nisso?

Algo mais sobre crash de 83? Fica para um próximo texto.

 

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Marcelo Neves

Marcelo é Publicitário não praticante e concurseiro esforçado, que já trocou todo seu sangue por café. Amante da cultura nipônica em geral, viciado em games, livros, HQs e mangás, mas que também tem sua paixão pelo cinema. Tenta manter o bom humor, mas falha às vezes (sempre); não acredita que existe felicidade no mundo antes das 9h da manhã e fala palavrão pra car@l#o!

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