Games | To The Moon – Uma devoção até a Lua

Junho é considerado o mês dos namorados, sendo comum uma infinidade de listas sobre casais famosos do cinema, dos jogos, filmes românticos e todo tipo de coisa clichê melosa.

Mas, para tentar fugir um pouco disso, o Clube da Poltrona pegou a minha lista de jogos na Steam e selecionou um game que trata sobre relacionamentos amorosos de forma excepcional, com pitadas à la Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças e A Origem: o fantástico game indie, To The Moon!

Só de olhar para essa capa eu já fico emocionado!

Agora, sente na sua velha poltrona que já possui o formato de suas nádegas e prepare-se para um jogo que pode te proporcionar uma experiência singular, emocionante e contemplativa sobre a vida, devoção e o amor. Mas primeiro…

ATENÇÃO

A ideia aqui é dissecar o game. Iniciarei fazendo uma sinopse bem detalhada, com a intenção de prender sua atenção para o caso de você não conhecer o game; seguindo de uma breve apresentação dos personagens principais da trama.

Depois falarei sobre a técnica por trás game, algumas informações básicas e uma série de curiosidades que engrandecem esta obra despretensiosa, mas grandiosa.

Até este ponto, terei feito tudo sem spoilers. Mas agora é a parte que irei dissecar pra valer o game, contando detalhadamente toda a história, do início ao fim; e fazendo comentários relevantes — ou não — para que você sinta a incrível complexidade de sua trama. Porém, deixarei um alerta no começo e término desta parte; dando-lhes a opção de pulá-la e ir direto para as considerações finais, falarei algumas coisas sem spoilers, contarei uma experiência pessoal bem legal que vivi com este game e explicarei o porquê da escolha deste formato para apresentá-lo a vocês.

Agora sem mais delongas…

UMA SINOPSE PARA AMAR TO THE MOON 

A empresa Sigmund Corp. desenvolveu uma tecnologia capaz de introduzir memórias artificiais na mente humana. Mas não se trata de um processo simples, pois, ao inseri-las, é necessário viajar pelas lembranças do usuário dela e criar conexões de pequenos detalhes entre as lembranças verdadeiras e as artificiais, criando um sentido para o cérebro do paciente e possibilitando que ele sinta e acredite que aquilo aconteceu de verdade em sua vida.

Mas nem tudo é perfeito. Por se tratar de uma tecnologia muito nova e sem estudos satisfatórios dos seus efeitos colaterais em longo prazo, não é permitido usá-la em jovens. Então, a empresa se especializou em executar este procedimento apenas em pessoas muito velhas ou muito doentes, já em estado terminal, para dar algum alívio e que possam partir felizes, sem arrependimentos.

Partindo disso, acompanhamos a sarcástica e sagaz Dr.ª Eva Rosalene e seu parceiro de trabalho, o carismático nerd Dr.º Neil Watts, visitando o paciente Johnny Wyles; um senhor que vive em uma casa afastada, próxima a um farol, sob os cuidados da simpática Lily, a sua cuidadora que possui duas crianças: Sarah e Tommy.

Algumas coisas nesse game são poesia em forma visual novel!

Johnny revela que tem o desejo de ir à Lua, mas que não lembra o porquê desse desejo, apenas sabendo que isso tem alguma importante ligação com a excêntrica River, sua falecida esposa.

Mas o procedimento não sai como planejado e a nova lembrança não conecta com as antigas, forçando-os a irem cada vez mais fundo nas lembranças de Johnny; o que gera uma desconfiança que a falha possa ter relação com River e uma série de acontecimentos na juventude do casal.

Assim, seguimos explorando as lembranças de Johnny numa ordem cronológica do presente para passado, pois memórias mais recentes possuem um acesso mais fácil para criar links com as memórias mais antigas; forçando Eva e Neil a quebrarem a cabeça — junto com o jogador — para compreenderem os problemas do passado do casal, além da complexidade da devoção de Johnny com sua esposa.

UM POUCO DOS PERSONAGENS PRINCIPAIS

 

Johnathan Wyles (Johnny) 

O viúvo de River Wyles. Desejava ir à Lua, embora não soubesse o porquê.

Devotou sua vida a sua esposa, chegando a compor uma música no piano para ela. E mesmo após a morte dela, ainda dedica-se a sua amada.

 

 

 

River Elisabeth Wyles (River) 

Divide o prota

gonismo na trama através das lembranças do seu marido.

Bonita e excêntrica, ela anda desde a infância com um ornitorrinco de pelúcia e desenvolveu uma obsessão em fazer coelhos de origami para o marido.

 

Dr.ª Eva Rosalene 

A terceira protagonista. Funcionária da Sigmund Corp., parceira — e muito amiga — do Dr.º Neil Watts. Seu título oficial na empresa é Agente Atravessadora de Memória Sênior.

Séria, mas gentil, ela não para até terminar seu trabalho com maestria, mesmo que isso resulte em correr riscos.

 

 

Dr.ª Neil Watts 

O último protagonista da trama. Seu título oficial na empresa é Técnico Especialista.

Bem-humorado e cínico, ele acaba contrastando com sua parceira e amiga; muitas vezes fazendo piadas bobas e outras com referências à cultura pop.

 

A TÉCNICA POR TRÁS DO AMOR PELO TRABALHO 

Já conheci pessoas que possuem preconceito por esta obra por conta da engine utilizada no desenvolvimento do game, a RPG Maker XP, que é muito simples e limitada. Mas ela não impede de fazer algo grandioso quando falamos de enredo, narrativa e história.

To The Moon foi desenvolvido e publicado pela Freebird Games, um pequeno estúdio canadense de jogos independentes fundado por Kan Gao, que é diretor, designer, compositor e ilustrador. E sim, ele que escreveu essa história maravilhosa!

No geral, podemos dizer que o game é um Point-and-Click adventure. Mas acho mais preciso dizer que é uma mistura de RPG, Aventura e Visual Novel, já que o foco aqui é contar uma história e não de criar desafios.

E para finalizar esta parte, gostaria de dizer que o jogo está disponível para diversas plataformas, assim como suas sequências; e ainda por cima em português! Sim, totalmente traduzido para o idioma da terra dos tupiniquins.

CURIOSIDADES QUE TORNAM ESSE GAME AINDA MAIS INCRÍVEL 

Seu desenvolvimento começou em 2010, depois que o avô de Gao ficou muito doente e isso o fez questionar-se sobre a fragilidade da vida e a mortalidade.

Este e Kan Gao. E sim, ele tem um ornitorrinco de pelúcia em casa.

A partitura do jogo foi composta por Gao, com uma música tema intitulada de “Everything’s Alright” sendo escrita e interpretada por Laura Shigihara. A trilha sonora foi lançada no Bandcamp em 4 de novembro de 2011.

A fofa da Laura Shigihara mandando Everything’s Alright na voz e piano. Simples e muito cativante!

Um minissódio para download foi lançado em 31 de dezembro de 2013, que se concentra no Dr. Rosalene e no Dr. Watts durante uma festa de fim de ano no escritório local da Sigmund Corp. É um bom complemento para o game.

Uma adaptação cinematográfica em animação está em desenvolvimento. Gao está diretamente envolvido, parcialmente roteirizando a obra e supervisionando a produção. O filme será um projeto colaborativo com empresas japonesas, as quais Gao não pode divulgar os nomes ainda, encarregadas da produção; e da empresa chinesa Ultron Event Horizon, encarregada da maior parte do financiamento.

Outra coisa relevante para mencionar sobre a produção da animação é que o CEO da Ultron Event Horizon, Danyang Zhao, foi fundamental para trazer Your Name (Kimi no Nawa) — o grande sucesso de 2016 e que também foi produzido em parceria entre empresas japonesas de chinesas — para a China. E, além disso, já foi divulgado que o orçamento para To The Moon é ligeiramente maior que o Your Name!

Em 2018 a versão mobile do game foi indicada para as categorias Jogo de Aventura Originale “Mix Original Em Nova Propriedade Intelectual” na National Academy of Video Game Trade Reviewers Awards.

No Game of the Year Awards da GameSpot de 2011, To The Moon recebeu o prêmio de “Melhor História”, mesmo concorrendo contra Catherine, Ghost Trick: Phantom Detective, Portal 2 e Xenoblade Chronicles — só games de peso e de maiores orçamentos —. Além disso, também foi indicado nas categorias de “Melhor Música”, “Momento Mais Memorável”, “Melhor Redação / Diálogo”, “Melhor Final” e “Canção do Ano”!

Existe uma sequência chamada A Bird Story, que é bem curta e faz uma ligação com a verdadeira sequência de To The Moon, o Finding Paradise lançado em 2017.

O modelo do coelho de origami do game é baseado no design de Jun Maekawa, um dos designers mais respeitados no origami. Segue um vídeo com o tutorial de como fazer o modelo dele.

Até os amantes da arte do origami evitam os modelos do Maekawa, pois eles são difíceis até mesmo para os experts no assunto.

O game está disponível: Steam / GOG / Humble Store / iOS / Android / Nintendo eShop (a partir de setembro deste ano)

!SPOILERS ON!

!Siga lendo por sua conta e risco! 

DISSECANDO A COMPLEXIDADE E BELEZA DE TO THE MOON 

Como já citado na sinopse, o procedimento em Johnny dá errado. Sendo assim, Eva e Neil decidem explorar vários momentos mais específicos de suas lembranças para tentar introduzir a ideia de que ele quer ser um astronauta; mas nada funciona.

Então, além das lembranças de fácil acesso, eles precisam explorar a vida atual do paciente, incluindo sua casa, o terreno, os motivos que o levaram a construir uma casa ali, a importância do farol, o porquê de todos os coelhos de origami que estão espalhados pela casa — e olha, são muitos mesmo! Deixarei um foto aqui para terem uma ideia — e qual a grande importância do ornitorrinco de pelúcia da River, que ela carregava sempre para todo canto e o qual Johnny ainda o guarda com muito carinho. Dessa forma eles obterão informações mais poderosas para adentrar mais fundo nas memórias de Johnny, podendo assim descobrir o real motivo da falha e obter sucesso na tarefa.

E olha que estes são só alguns! As definições de TOC foram atualizadas.

Ao investigar sobre a casa, eles descobrem que ela foi construída ali por um desejo de River, que acreditava que cada estrela no céu era um farol solitário e que ela queria fazer amizade com essas estrelas, passando boa parte de suas noites sentada no banco ao lado do farol Anya — sim, o farol tem um nome —. Isso explica algumas coisas, mas ainda não deixa claro o que fazia Johnny ter tanta devoção a sua esposa.

Outro fato importante que descobriram foi que durante o período de construção da casa, River foi diagnosticada com uma doença grave e já em um estágio irreversível; mas que ela recusou-se a fazer um tratamento que prolongaria um pouco mais sua vida, pois ele era muito caro e teriam que abandonar o sonho de construir a casa ao lado do farol que ela tanto queria. Johnny opta por respeitar o desejo de sua esposa, acelerando o máximo que pode para que ela passasse o resto de sua vida na casa de seus sonhos.

Adentrando mais nas memórias de Johnny, eles percebem que a obsessão de River por coelhos de origami era para dá-los a seu marido; e sempre que ela fazia ia direto entregá-lo ao marido e perguntava se ele lembrava do porquê dos coelhos; mas ele não se lembrava o porquê. E entre tantos coelhos que ela fez, havia um especial que era amarelo e azul.

Mesmo sem saber ainda o motivo, já que a exploração das memórias é feita da mais recente para as mais antigas, eu já estava com o coração doendo por ela!

A partir disso, Eva e Neil conseguem voltar mais um bocado nas memórias e terminam presenciando uma conversa estranha entre River e Johnny, logo após o casamento deles. Nesta conversa, ele pergunta a River como ela se sente agora que está casada. Ela se limita a dizer que se sente normal, mas que está bem com isso. Mas logo em seguida ela pergunta se ele sabe o motivo do seu vestido de casamento ser azul e amarelo; e mais uma vez ele não sabe responder. Além disso, Eva e Neil assistem aos votos do casamento, descobrindo que River e Johnny de conhecem desde a infância; algo que Johnny não conseguiu falar antes a eles, pois estava muito debilitado, passando a maior parte do tempo na cama e mal conseguindo falar.

Eles casaram no pé do penhasco onde está o farol Anya. E sim, olha ali o vestido azul e amarelo.

Ok, mais um enigma para a dupla desvendar. Johnny aparentemente não se recorda de muitas coisas importantes para River e, mesmo assim, ele era extremamente devoto a ela, demonstrando que a amava de verdade. Mas por que ele não se lembrava desses pequenos detalhes?

Agora, com todas essas novas informações, eles percebem que River era uma mulher de alguma forma especial. E isso deu acesso a uma memória crucial do período do namoro do casal, onde eles ouvem uma conversa de River, acompanhada de Johnny, com um médico, que explicava a condição especial de River: ela possui Síndrome de Asperger, um transtorno de desenvolvimento que afeta a capacidade de socializar e de se comunicar com eficiência (algo bem próximo ao autismo, mas diferente).

Isso explica outras coisas que os doutores presenciaram nas memórias de Johnny em relação à River: momentos de depressão profunda, transtorno bipolar, práticas e rituais incomuns (TOC), percepção diferenciada do mundo e dos protocolos sociais… todos sintomas comuns em pessoas com essa síndrome.

E apesar de tudo, Johnny sempre esteve ao lado dela!

Neste momento eles percebem que Johnny realmente amava River, pois ele largou tudo em sua vida e dedicou-se exclusivamente a ela, tentando com todas as forças fazê-la feliz. Mas ainda tinha o mistério do porquê ele não se lembrava de alguns pequenos detalhes que eram tão importantes para River. E mesmo sabendo disso tudo, eles ainda não conseguiam conectar a lembrança falsa. Eis que ainda tinha um mistério: qual o papel do ornitorrinco de pelúcia nisso tudo?

Usando o bichinho como chave, eles conseguiram ir mais longe e chegaram à lembrança em que Johnny fala pela primeira vez com River na escola. Ele estava nervoso e River estava lendo sentada na escada, acompanhada de seu fiel ornitorrinco; o que a tornava alvo de gozação no colégio. Mas ela não ligava já que via o mundo de outra forma.

Sim, ela o encarava; e isso o deixava ainda mais nervoso.

Mas, encorajado por seu amigo Nicholas, Johnny dá o primeiro passo e vai lá conversar com a garota. Nessa hora, os doutores notaram algo muito estranho — só para variar, né? —, pois Johnny estava falando com ela claramente pela primeira vez, mas a garota já sabia o nome dele e falava com ele como se já o conhecesse, até demonstrando um certo nível de intimidade — da forma dela, claro — com ele.

Johnny fica confuso, mas também fascinado com ela. E, juntando o resto da coragem que tinha, ele a convida para ir ao cinema. Ela aceita e eles marcam para o próximo sábado.

Naquele sábado, Johnny chega pontualmente na hora combinada, mas ela não aparece. Ele fica triste, mas já que estava lá, decide assistir ao filme. Quando dá o intervalo — lembrem-se, isso era comum no cinema antigamente —, ele a encontra lá fora. Quando ele pergunta se ela estava atrasada, ela responde que chegou cedo e que estava na sala vendo o filme, que estava sentada em outro lugar. Mais uma vez ele fica confuso, mas releva. Ambos voltam para o cinema e terminam de ver o filme juntos.

Nota pessoal: a essa altura, nós já temos conhecimento que ela sofre da Síndrome de Asperger; e que por conta disso, do ponto de vista dela, ir junto ao cinema não era obrigatoriamente se sentar juntos, mas estar no mesmo ambiente. Mas vamos nos pôr no lugar de Johnny, que nessa época nem imaginava a existência de um transtorno de desenvolvimento desses. Deve ter sido horrível pro coraçãozinho dele.

Ok, agora os doutores desconfiam que River já conhecia Johnny de algum jeito. Mas por que o rapaz não se lembrava? River era uma stalker? Bem, essa memória deu uma brecha para eles irem mais a fundo. Porém… eles acabam dando de frente com um grande borrão branco, como se algo impedisse eles de prosseguirem.

Agora o mistério fica ainda maior! Tendo acesso a documentos médicos da infância de Johnny, eles descobrem que ele fez um tratamento à base de betabloqueadores para ansiedade em doses muito altas. Mas por quê? Isso não é normal para uma criança tão jovem e pode ter muitos efeitos colaterais graves.

Vasculhando algumas das memórias acessíveis, Eva vê uma memória de Johnny no quarto brincando no chão e conversando sozinho, como se alguém estivesse sentado numa escrivaninha escrevendo. Uma cena realmente estranha! Mas ela nota um detalhe incomum no cômodo: ele não tinha uma cama, mas sim um beliche!

Com essa informação Eva descobre que Johnny teve um irmão gêmeo, Joey, que morreu atropelado enquanto ambos tentavam pregar uma peça em sua mãe.

Eva e Neil vasculhando as lembranças do dia do acidente. 

Assim, Eva e Neil matam a charada. Johnny recebeu doses cavalares desses betabloqueadores num tratamento maluco, por se sentir culpado pela morte do irmão, já que ele incentivou a pegadinha; gerando ansiedade e depressão. E esse tratamento teve efeitos colaterais gravíssimos; entre eles, a perda de parte da memória e também algo ainda mais incomum: ele assimilou parte da personalidade do irmão, até passando a gostar de coisas que antes apenas Joey gostava.

Com essas novas informações, eles conseguem passar pelo “borrão branco” que os impedia e finalmente descobrem toda a história! Johnny e Joey eram irmãos muito unidos. Joey era muito brincalhão e queria ser escritor.

Então Eva e Neil agora têm acesso a uma memória de um dia específico: o dia em que Joey e Johnny foram a um parque que estava na cidade. Algo que parece trivial, mas…

Spoiler aleatório: Dr.º Watts tenta mandar um Kamehameha enquanto viaja nas memórias do Johnny; mas é interrompido por Dr.ª Rosalene.

Johnny e Joey passaram o dia inteiro nesse parque, ficando lá até de noite. Já à noite, Joey queria ir em brinquedos assustadores e Johnny era um pouco medroso para esse tipo de atração. Então ele se separa do irmão e vai passear pelas barraquinhas de prêmios.

Vagando pelas barracas, ele vê uma com vários prêmios legais que chamaram sua atenção. Mas ele não era bom de mira e termina ganhando apenas um bichinho de pelúcia que ele achou feio: o ornitorrinco!

Johnny era uma criança que, apesar de ter medo algumas coisas, gostava de se aventurar em florestas, pegar trilhas e tudo mais. Passeando sozinho, ele encontra uma brecha na cerca que leva a uma trilha pela floresta que ia em direção a um morro. Já que era noite de lua cheia e tudo fica mais bonito com a luz do luar, ele decide ir até o morro. Ao subir lá, vê uma garota ruiva sentada sozinha num tronco olhando para a lua. Sim, aqui é onde ele encontrou River pela primeira vez!

Ele se aproximou da garota e começam a conversar. Eles se entrosaram bem e começaram a rir juntos. Olhando para o céu eles criaram uma constelação de coelho, onde a lua amarela era a barriga do coelho e os pés e cabeça eram formados pelas estrelas azuis.

Sim, já podem começar a chorar! 

Mas estava ficando tarde e ele precisava ir embora. Ela começa a olhar para o ornitorrinco de pelúcia com curiosidade; e como ele não havia gostado, Johnny decidiu dá-lo à River, que ficou muito feliz e disse que estaria sempre com ele.

Durante a pressa de ir embora, eles prometeram se encontrar neste mesmo local no ano seguinte, quando o parque estivesse novamente na cidade, para verem a lua juntos novamente; e caso esquecessem ou se perdessem, ele diz que eles se encontrariam na lua.

Nota pessoal: agora entenderam o significado do vestido de noiva dela ser amarelo e azul? Dos coelhos de origami? Não vou mentir que quase chorei aqui. E também finalmente entendemos o desejo de Johnny de ir para a lua após a morte de River, já que podemos considerar que com a morte dela, eles se perderam.

Viram, no meio de um monte coelhos, havia um único especial colorido ali.

Agora as coisas estão se encaixando. Pouco depois do encontro com River, aconteceu o acidente que matou Joey, Johnny passou por um tratamento absurdamente pesado, mas que apagou parte de sua memória; assim, nunca lembrando que teve um irmão e, infelizmente, também apagou a memória do dia em que conheceu River, sendo aquele encontro no colégio já um bom tempo depois, pois ele ficou muito tempo afastado da escola.

E agora com todas as peças do quebra-cabeça em mãos, a esperta Dr.ª Eva introduz uma memória em que Joey não morreu e, com o passar do tempo, se tornou um autor famoso. Mas ela não introduz o encontro com River de imediato, causando um grande atrito entre ela e seu colega de trabalho. Porém, ela conseguiu introduzir o desejo dele querer ser um astronauta, implantando memórias de todo o treinamento, que ele era encorajado pelo irmão e que ele sempre via uma outra candidata ruiva pelos corredores da NASA nos dias de treinamento.

Desculpem por isso; apenas não resisti.

Ele passa em todos os testes e é selecionado para uma missão na Lua. E adivinhem quem é o outro astronauta selecionado para ir com ele na missão? Sim, River. Eles se encontram e têm a sensação de que sempre se conheceram, rolando uma química instantânea entre os dois, cheios de olhares encabulados e sorrisos discretos. E assim, Eva implanta a memória deles juntos viajando para a lua!

Cena final deles viajando no foguete. E com direito a mãozinhas dadas ao chegarem à Lua! Até o coração mais bruto de desmonta aqui.

Nota Pessoal: eles conseguiram aos 45 do segundo tempo! Johnny morre logo depois de ter tido a tão importante memória implantada com sucesso.

!SPOILERS OFF!

!Pode respirar aliviado agora! 

CONSIDERAÇÕES FINAIS 

Este game não é para quem procura puzzles complicados, jogabilidade frenética ou coisas desse tipo. Sua única intenção é contar uma história comovente, como se fosse um filme interativo (uma visual novel), para nos fazer pensar no significado de coisas tão pequenas, mas tão importantes, que estão diretamente ligadas a respeito, compreensão, amor e devoção.

Eu o joguei junto com minha namorada. Vivi essa experiência ao lado dela. E ele ganhou um significado enorme para nós. Um significado tão grande, que no aniversário dela eu peguei uma caixa grande, ornamentei com várias imagens do jogo, fiz muitos coelhos de origami brancos — infelizmente, tive que fazer de outro modelo, o do Maekawa é impossível para mim! Tentei por três dias e não consegui fazer nem sequer um! — e apenas um coelho azul e amarelo, comprei um ornitorrinco de pelúcia, que foi dificílimo de conseguir; e montei o presente: a pelúcia dentro da caixa toda coberta pelos coelhos a ponto de não ser possível ver a pelúcia no fundo.

Fotos do presente que montei para minha digníssima.

E por que escolhi essa forma de apresentação? Porque achei mais democrático e por ter a chance de criar um novo gamer.

 

Se você não conhecia o game, se interessou pela história ao ler a sinopse e decidiu que vai jogar, poderá ler tudo que vem após a sinopse, indo até a parte onde a dissecação começa, que tem o alerta de spoilers; podendo pular direto para as considerações.

Caso você tenha se interessado, mas não é muito de jogar, poderá ler a história completa e se encantar com ela, despertando o interesse em assistir à animação que sairá futuramente.

Outra possibilidade é se você despertou o interesse, mas decidiu não jogar e foi ler a dissecação. Mas ao lê-la, se arrepende de ter feito isso, porque despertou a vontade de querer jogar o game, mas agora já conhecendo toda a trama, não terá graça. Porém, existem outras obras do mesmo gênero de tão impactante quanto que você pode jogar; e que eu irei te indicar!

Caro leitor, se você agora tem vontade de viver experiências no estilo da de To The Moon, saibam que estou orgulhoso de mim mesmo por estar despertando o gamer que há dentro de você. Deixarei aqui uma lista de alguns games que já joguei, para vocês pesquisarem; que posso atestar que são tão incríveis em história e narrativa quanto To The Moon.

Anotem aí e pesquisem: Life is Strange, Her Story, Sara is Missing, The Walking Dead (da Telltale Games) — e não se atrevam a jogar as continuações, pensem que a história se fechou no primeiro game —, OneShot, The Wolf Among Us, Heavy Rain e, caso você tenha um estado psicológico forte e muito estável, o gratuito Doki Doki Literature Club.

E finalizo com uma foto da mesa de trabalho da minha digníssima.

Ela guarda com carinho os coelhos infernais da minha peleja com seu presente! E até a próxima postagem. 

 

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Marcelo Neves

Marcelo é Publicitário não praticante e concurseiro esforçado, que já trocou todo seu sangue por café. Amante da cultura nipônica em geral, viciado em games, livros, HQs e mangás, mas que também tem sua paixão pelo cinema. Tenta manter o bom humor, mas falha às vezes (sempre); não acredita que existe felicidade no mundo antes das 9h da manhã e fala palavrão pra car@l#o!

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