Black Mirror | 5ª Temporada

 

Striking Vipers:

Muitas ideias já foram aplicadas em diversos episódios em Black Mirror, e aqui, me parece que pegaram muitas coisas que já haviam utilizado e fizeram apenas uma reciclagem. O que mais incomoda é o fato de que a história simplesmente não leva a lugar nenhum, tenta abrir um debate sobre uma possível ética social em relacionamentos, mas segue um caminho tão superficial, que acaba nos deixando com tédio.

Não posso ser injusto com o episódio a ponto de taxá-lo apenas com coisas ruins, ele tem um bom argumento e toda a parte técnica é muito bem trabalhada. A fotografia amarelada durante o churrasco é um bom exemplo, enaltecendo um clima de nostalgia entre os personagens.

É uma pena que a parte técnica esteja a um patamar tão acima de todo resto, pois o roteiro é insuficiente, nos deixando com uma certa sensação de tempo perdido. São personagens mal construídos e relações sem carisma algum que nos trazem esse sentimento, fora que a conclusão é uma lástima.

 

Smithereens:

Este é, de longe, o melhor episódio da temporada. Em nenhum momento ele quer ser maior do que realmente é, sem grandes pretensões segue um caminho completamente diferente do primeiro. A maior força deste episódio está em seu elenco, Andrew Scott nos entrega um desenvolvimento em sua atuação em etapas; vamos entendendo o seu personagem através de pequenos gestos, com olhares e apenas depois de meia hora é que o vemos “explodir”.

O fato de não sabermos mais que as pessoas ao redor dele, ajuda a nos prender a trama —temos aqui algo realmente que nos chama atenção, personagens que acabamos nos importando.

O meu único problema com a trama é o seu final, acho que poderia ser um pouco mais direto em suas intenções, pois acaba não entregando inteiramente o que promete em relação a todo o arco do protagonista. Não está nem de perto no hall de melhores episódios da série, mas também não ocupa um lugar dentre os piores.

 

Rachel, Jack and Ashley Too:

Aqui é a prova mais clara de que Charlie Brooker precisa de um tempo para repensar a sua criação, ou simplesmente acabar. Como uma série que nos fazia cair em crise existencial, utilizando a tecnologia como plano de fundo, para criar debates sociais e introspectivos, se transformou em uma genérica para adolescentes que estão com a tv ligada só por estar? Chega a ser vergonhoso, mais uma vez, ver que os idealizadores simplesmente pegaram retalhos de outros episódios e criaram um “Frankenstein da ruindade”.

Miley Cyrus está ali apenas por estar, não faz sentido, mesmo tentando emular a vida real da atriz de forma superficial, cria-se algo sem nenhuma empatia, desinteressante ao ponto de que conseguir terminar o episódio é uma tortura.

O episódio tenta ainda trabalhar uma subtrama familiar ainda mais desinteressante, que já vimos em diversos filmes adolescentes ruins. Cada decisão é equivocada e o final chega a ser ofensivo de tão ruim.

Sem nenhum personagem carismático, com uma direção genérica que não trabalha com seus atores, um roteiro que, provavelmente, foi escrito por uma criança de sete anos, e sem identidade nenhuma que a série criou para si. Este é, sem dúvidas, um dos piores, se não o pior episódio da série.

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Ítalo Passos

Cearense, estudante de marketing digital e crítico de cinema. Apaixonado por cinema oriental, Tolkien e ficção científica. Um samurai de Akira Kurosawa que venera o Kubrick. E eu não estou aqui pra contrariar o The Rock.

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