Séries | Modern Love

Um porteiro que zela pela felicidade de uma das moradoras do prédio onde trabalha; um jovem empreendedor e uma jornalista trocam figurinhas sobre suas grandes histórias de amor; uma mulher resolver abrir seu coração e ser sincera ao fazer o perfil em um site de relacionamentos; marido e mulher recorrem à terapia de casal para tentar consertar um casamento em crise; um encontro desastrado acaba indo parar no hospital; uma jovem se encanta com o chefe que poderia ser seu pai; um casal gay resolve que é hora de adotar um bebê; uma senhora relembra o grande amor que viveu já na maturidade. Todas essas frases poderiam ser sinopses para cada um dos 8 episódios de Modern Love (ou Amor Moderno), mas seria altamente simplista pensar que a série é só isso.

Inspirada em artigos escritos para uma coluna do New York Times, a nova série da Amazon, já disponível no Prime Video, é uma teia de conexões e sentimentos realistas que traz uma onda de emoções ao espectador. Modern Love é capaz de nos levar do riso ao choro, da identificação à reflexão. Os roteiros são simples, e é justamente essa simplicidade que dá ares de “a vida como ela é” — ou como poderia ser se soubéssemos apreciar os momentos, aprender com as situações e parar de tentar esconder a todo custo as nossas vulnerabilidades. Somos seres humanos, somos falhos, mas existe uma beleza nisso tudo. A série é, sim, uma visão romântica… Mas quem disse que não podemos olhar a vida com um filtro mais doce e otimista? Às vezes é bom, é necessário.

O elenco reúne nomes estelares como Anne Hathaway, Tina Fey, Dev Patel, Catherine Keener Jane Alexander e Andy Garcia, entre outros rostos conhecidos e alguns novos que também são uma grata surpresa. A maior parte dos episódios foi dirigida e/ou escrita por John Carney, diretor de outras fofuras como Apenas Uma Vez, Sing Street: Música e Sonho e Mesmo Se Nada Der Certo.

Modern Love já começa com o pé direito, com um episódio sobre a relação de amizade entre Maggie (Cristin Milioti) e o misterioso porteiro de seu prédio, o imigrante Guzmin (Laurentiu Possa), que age como um pai ciumento sempre que a moça chega de um encontro acompanhada. O episódio é um acalento, representando as mulheres que moram longe da família em uma cidade grande como Nova York e encontram um certo apoio na figura talvez menos provável. Já o segundo episódio é mais romântico, com o empreendedor digital Joshua (Dev Patel), bem-sucedido com seu aplicativo de encontros, contando para a jornalista Julie (Catherine Keener) sua história pessoal de amor — que não deu certo —, o que faz a própria Julie relembrar seu amor perdido do passado. A narrativa lembra o quanto somos falhos e que nem tudo é perfeito; mas que as experiências também nos fazem amadurecer.

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Com Anne Hathaway como a protagonista Lexi, o episódio 3 trata do impacto da saúde mental nos relacionamentos interpessoais. Tentando esconder de todo mundo que sofre de transtorno bipolar, a moça vai do céu ao inferno como um estalar de dedos e tem que se virar em mil para dar conta de manter as aparências e a carreira, mas nunca deixa de sonhar com um amor que acabe com a sua solidão. O desfecho é um lembrete de que, mesmo nesse mundo moderno e maluco, não estamos sozinhos — mas precisamos deixar as pessoas entrarem.

O quarto episódio talvez seja um dos elos mais fracos de toda a série, mostrando o casamento em crise de Sarah (Tina Fey) e seu marido Dennis (John Slattery). Aqui há o uso da metáfora do jogo de tênis na representação de um casamento: os dois jogadores precisam dar o melhor de si para que o jogo não acabe. O episódio 5 traz o segundo encontro de Rob (John Gallagher Jr.) e Yasmine (Sofia Boutella). São dois seres aparentemente muito diferentes, até opostos, mas que descobrem uma conexão mútua depois que ele acaba sendo hospitalizado durante o encontro.

O episódio 6 é o outro elo fraco. Dirigido pela atriz Emmy Rossum, conta a história de Maddy (Julia Garner), uma garota que sempre quis ter uma figura paterna em sua vida e se encanta com um dos chefes da empresa de tecnologia onde trabalha. A história entre os dois é confusa e esquisita.

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Ainda bem que depois disso temos o ótimo episódio 7, em que o casal Tobin e Andy (Andrew Scott e Brandon Kyle Goodman, respectivamente), opta por fazer uma adoção aberta. Eles hospedam a gestante (vivida por Olivia Cooke) em sua casa na reta final, mas a convivência com a jovem nômade não se mostra muito fácil. É nesse episódio que vemos uma pequena participação do cantor Ed Sheeran.

Por fim, o último episódio: a doce história de amor na terceira idade, quando já se sabe bem melhor quem é; quando a vida já trouxe experiências suficientes para se ter certeza do que se quer de verdade. O desfecho desse episódio também é o desfecho da série, portanto, vemos pequenas momentos dos demais personagens e descobrimos uma linha do tempo por trás dos acontecimentos.

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O balanço final é bastante positivo, com temas que chegam a nos propor um novo olhar para alguns pontos da nossa vida e o universo que nos rodeia. Modern Love é uma série sobre o amor em suas diversas formas, mas é também, sobretudo, uma jornada sobre os encontros que a vida nos proporciona.

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Roseana Marinho

Roseana é publicitária e acha que os dias deveriam ter pelo menos 30h para trabalhar e ainda poder ver todos os filmes e séries que deseja. Não consegue parar de comprar livros ou largar o chocolate. Tem um lado meio nerd e outro meio bailarina.

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