Nos Cinemas | O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio
A franquia Exterminador do Futuro já nos entregou várias pérolas, umas boas e outras questionáveis, mas o fato é que desde que James Cameron deixou de estar envolvido nos filmes deste universo, a qualidade só caiu. Mas, finalmente, o nome de Cameron voltou a estar vinculado com O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio; bom, ele não dirige a obra, mas é um dos produtores executivos — algo que me animava até ver o resultado.
Este filme me causou uma sensação de decepção estranha, pois não estava esperando nada da obra, mas após um primeiro ato insano, com a narrativa construída na base da ação, personagens apresentados sem enrolação ou diálogos expositivos (como quando Grace, vivida por Mackenzie Davis, se machuca e explica rapidamente em uma frase que seu corpo é modificado, lhe transformando em uma super-humana), Isso faz com que o ritmo seja bom, para que a atenção do público esteja focada apenas em viver a experiencia.
O ponto é que, após o primeiro ato, exatamente quando a Sarah Connor (Linda Hamilton) entra no filme, a qualidade começa a cair. Não que a personagem seja diretamente culpada, mas o roteiro joga fora tudo que vinha trabalhando bem, para dar espaço apenas a fan services, acertando diretamente apenas a nostalgia do público. Essa ferramenta pode e vai funcionar com muita gente, mas não me senti atraído por ela. Principalmente por simplesmente querer contar uma história aleatória, criando cenas para justificá-las, mas que não trazem mais nada relevante para este universo. Sinto que realmente foi forçado, para simplesmente ter mais um filme.
Gosto de como o filme passa uma mensagem sobre empoderamento feminino; nos dias de hoje precisamos mais e mais desse tipo de mensagem, e o melhor de tudo é que Tim Miller faz com que toda a mensagem passada seja bem natural, com o crescimento e fortalecimento das personagens femininas, algo que está diretamente ligado à franquia. Já que Sarah Connor é um exemplo de como a dama indefesa se torna uma mulher forte e guerreira, em Destino Sombrio ela se consagra como badass.
Algo que está diretamente relacionado com a imagem da franquia é Arnold Schwarzenegger, fazendo o T-800 como ninguém, mas sinto que aqui ele é completamente desnecessário, fazendo parte do fan service que o roteiro faz questão de valorizar mais que a própria história. Se imaginarmos a história sem ele, podemos ver um filme mais polido, podendo investir mais na narrativa direto nas cenas de ação e com menos diálogos bobos (como o de um exterminador que constrói uma família), enriquecendo a trama, focando no objetivo do vilão e na força de Dani Ramos (Natalia Reyes), que tem que se manter viva, e explorando o seu crescimento, assim como o amadurecimento de Sarah Connor.
A obra ainda faz uma crítica bem superficial ao atual governo americano e sua política anti-imigrantes, claro que de forma rápida e superficial, mas já mostra a preocupação de certos cineastas em enfatizar mais e mais críticas sociais nos blockbusters, algo que acho extremamente importante e que espero que siga crescendo.
O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio não chega a ser um filme ruim, ou algo desprezível, mas não faz sentido sua existência, já que não soma em nada dentro do universo, investindo pesadamente no fan servisse e deixando de investir na dramaticidade de seus personagens, deixando de lado um excelente filme para focar na nostalgia de seu público, se contentando com a mediocridade.
Nota: ★★★✰✰
Ficha Técnica
Título Original: Terminator: Dark Fate
Direção: Tim Miller
Roteiro: David S. Goyer, Justin Rhodes, Billy Ray
Elenco: Linda Hamilton, Arnold Schwarzenegger, Mackenzie Davis, Natalia Reyes, Gabriel Luna, Diego Boneta
Fotografia:Ken Seng
Música: Junkie XL
Montagem:Julian Clarke
Figurino:Ngila Dickson