Persona | Nanny McPhee (Nanny McPhee – A Babá Encantada e Nanny McPhee e As Lições Mágicas)
O que você, ainda criança, faria se chegasse a sua casa uma babá dentuça, cheia de verrugas, cabelo desgrenhado, nariz desproporcional, sobrancelhas por fazer, com uma bengala possivelmente mágica e cheia de regras disciplinadoras? Foi exatamente assim que Nanny McPhee invadiu as casas da família Brown em 2005 e dos Green em 2010 e, consequentemente, as nossas.
Além de interpretar a personagem que dá nome aos filmes, Emma Thompson também é a roteirista dos longas que são adaptações da série de livros Nurse Matilda, lidos por ela ainda em sua infância.
“Enquanto vocês precisarem de mim, mas não me quiserem, eu ficarei aqui. Quando vocês me quiserem, mas não precisarem mais de mim, terei que ir embora.”
Esta é a premissa!
No início, é impossível acreditar que, um dia, aquelas crianças venham a querer que a babá fique em suas casas. São muitas as regras que ela traz para aqueles serzinhos tão indisciplinados e sem limites claros, vindos de famílias com estruturas abaladas por diversas razões como morte, abandono e até guerra. No entanto, pouco a pouco, ela vai ganhando a confiança e o respeito de pais e filhos.
É interessante observar que a mudança comportamental dos pequenos acontece por meio das experiências lúdicas – e mágicas – que passam. A babá propõe essas vivências de forma afetuosa, sem perder o rigor necessário que um educador precisa ter, e são elas que trazem união, entendimento, empatia e até mesmo disciplina.
Essa transformação também passa pelos adultos. Eles também refletem e mudam de atitudes, dando mais atenção aos filhos, criando momentos em conjunto e abertura para o diálogo. Só assim, os núcleos familiares se renovam e fortalecem.
As mudanças não são somente comportamentais, mas também físicas. Conforme as crianças aprendem as lições, as verrugas vão sumindo, os dentes indo para o lugar, o nariz passa a ser proporcional e as sobrancelhas tomam forma. É curioso perceber que, enquanto a Disney não quis apresentar ao seu público uma babá que não fosse agradável aos olhos alterando algumas características físicas para criar a Mary Poppins, Nanny McPhee provou que é o carinho que transforma a imagem que temos das pessoas.
Como se não fosse o bastante, a babá traz aos espectadores adultos mais uma importante reflexão em seu último filme: é preciso ter um pouco de fé. Nem sempre as coisas ocorrem da forma como planejamos, mas isso não significa que elas não podem acontecer de uma forma ainda melhor.
