No Prime Video | 7500

Adquirido pelo Prime Video no Festival Internacional de Cinema de Locarno do ano passado e recentemente adicionado ao seu catálogo de streaming, 7500 é a estreia na direção de longas-metragens de Patrick Vollrath, mais conhecido pelos seus curtas, inclusive tendo sido indicado ao Oscar em 2016. O filme acompanha o copiloto estadunidense Tobias Ellis (Joseph Gordon-Levitt) sendo obrigado a lidar com seu avião recém-saído de Berlim a caminho de Paris, sequestrado por terroristas.

Nos primeiros 20 minutos de filme, somos apresentados à toda rotina e protocolos feitos pelos pilotos e aeromoças antes do avião levantar voo, tanto no sentido técnico quanto em possíveis problemas que podem acontecer, como o atraso de alguns passageiros. A partir do início do sequestro, a câmera de Vollrath nos coloca como testemunhas de todo o drama do protagonista trancado no cockpit, uma vez que Tobias não pode abrir a porta da cabine, caso contrário, os terroristas tomariam o controle do avião. O que acontece do lado de fora é visto através de uma pequena tela, garantindo um elevado grau de tensão por boa parte do filme ao acompanharmos todas as ações contra os reféns de forma passível e distante. Assim como o protagonista, dividimos com ele a sensação de claustrofobia e de não poder impedir nada.

No entanto, em dado momento de 7500 – número que faz referência ao código do transponder que indica sequestro – é visível a perda de fôlego da obra quando a tensão construída devido às limitações de espaço e a impossibilidade de impedir os acontecimentos do lado de fora da cabine dão lugar a um drama desinteressante. Na tentativa de humanizar tanto um dos sequestradores quanto a relação dele com o copiloto, algumas escolhas narrativas do roteiro se apresentam como extremamente discutíveis na tentativa de fazer o filme ter mais história e emular algum tipo de angústia.

Sem dúvidas o maior trunfo do filme está em Joseph Gordon-Levitt, que trabalha muito bem o drama do protagonista tendo que fazer escolhas impossíveis e seu sofrimento face às consequências. A sua relação com uma das personagens do filme só adiciona mais camadas à sua tragédia pessoal. No entanto, a forma com que o longa aborda a motivação dos terroristas se utilizando da narrativa da vingança pelas ações do ocidente contra os muçulmanos, ainda que sirva como motivação relevante, é trabalhada de forma superficial.

Joseph Gordon-Levitt 7500

Com exceção do personagem Vedat (Omid Memar) que, mesmo seguindo a cartilha do terrorista arrependido, tem um pouco mais de desenvolvimento devido ao maior tempo de tela, o filme não foge dos clichês rasos presentes no arquétipo do terrorista muçulmano. Certamente esse problema de desenvolvimento de personagens se dá como consequência a escolha de passar a ação do filme praticamente toda dentro da cabine dos pilotos a partir do ponto de vista somente do personagem de Gordon-Levitt. Cabe ressaltar que, apesar das suas limitações orçamentárias (custou cerca de cinco milhões de dólares), tecnicamente o filme é bastante eficaz, especialmente o seu trabalho sonoro, marcado pelos sons do avião, batidas na porta e gritos abafados do lado de fora.

Joseph Gordon-Levitt 7500

7500 é um competente thriller quando focado na tensão. A partir do momento em que cai no drama superficial, o filme perde muito daquilo que o torna interessante. Ainda assim, é uma razoável experiência que, mesmo não trazendo nada de novo, consegue se sustentar em seus noventa minutos de duração devido, principalmente, ao trabalho de Joseph Gordon-Levitt.

Para quem quiser assistir o filme no Prime Video, é só clicar aqui.

Nota: ★★★✰✰

 

Ficha Técnica

Título Original: 7500

Ano de Lançamento: 2020

Direção: Patrick Vollrath

Roteiro: Patrick Vollrath

Elenco: Joseph Gordon-Levitt, Omid Memar, Aylin Tezel, Carlo Kitzlinger, Murathan Muslu, Paul Wollin

Fotografia: Sebastian Thaler

Montagem: Hansjörg Weißbrich

 

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Vinicius Dias

Carioca graduado em Relações Internacionais, não sabe muito bem quando começou a sua paixão pela Sétima Arte, mas lembra de ter visto Tarzan (1999) no cinema três vezes e de ter sua fita dupla de Titanic (1997) confiscada pela sua mãe por assistir ao filme mais vezes do que deveria. Não gosta de chocolate, café e Coca-Cola, mas é apaixonado por Madonna, Kylie Minogue e Stanley Kubrick.

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