Listão do Clube | Segura esse Rock!
“I WANNA ROCK! I WANT ROCK!” já gritava Dee Snider na música homônima do Twisted Sister. E como nós precisamos de rock, compartilhamos com vocês uma breve seleção de filmes sobre o subversivo gênero musical em celebração ao Dia Mundial do Rock comemorado hoje.
Confira abaixo a nossa lista:
Quanto Mais Idiota Melhor (1992)
Direção: Penelope Spheeris
Roteiro: Mike Myers
Elenco: Mike Myers, Dana Carvey, Rob Lowe, Tia Carrere
Uma comédia sobre produção independente de um programa sobre, adivinhem? rock, ora essa! Wayne Campbell (Mike Myers, em sua estreia) e Garth Algar (Dana Carvey) produzem o programa para TV a cabo, Wayne’s World, no porão da casa dos pais de Wayne. O programa é vendido para uma grande emissora de TV e a vida dos amigos passa por uma série de problemas. O filme imortalizou uma cena, a do carro, ao som de Bohemian Rapsody do Queen.
Tina (1993)
Direção: Brian Gibson
Roteiro: Tina Turner, Kurt Loder
Elenco: Angela Bassett, Laurence Fishburne
Lançada em 1993, a cinebiografia Tina (What’s Love Got to Do with It, no original), baseada na autobiografia I, Tina, narra a trajetória musical da cantora Tina Turner (Angela Bassett), seu passado marcado por abusos e violência doméstica causados pelo seu empresário e marido Ike Turner e a retomada de sua carreira na década de 80.
Em mais de 60 anos de carreira, Tina Turner conquistou números impressionantes, entre eles mais de 300 milhões de álbuns vendidos e 12 prêmios Grammy. Seu nome virou sinônimo de resistência. Seu retorno aos palcos em carreira solo sem dúvida alguma é um dos mais bem sucedidos já vistos, com hits atrás de hits durante as décadas de 1980 e 1990. Músicas como Proud Mary, Private Dancer, What’s Love Got to Do with It, We Don’t Need Another Hero (Thunderdome) e River Deep – Mountain High são referência não apenas para o rock, mas também para o pop, soul e R&B. Sua versatilidade como artista e talento inquestionável explicam o porquê dela ser considerada a Rainha do Rock.
Angela Bassett – um furacão em cena – e Laurence Fishburne foram indicados às categorias de Melhor Atriz e Melhor Ator no Oscar de 1994 por suas interpretações no filme.
Alta Fidelidade (2000)
Direção: Stephen Frears
Roteiro: Nick Hornby, D.V. DeVincentis
Elenco: John Cusack, Iben Hjejle, Todd Louiso, Jack Black
Um homem, na casa dos trinta anos, dono de uma loja de vinis usa da música para lidar com seus demônios. John Cusack encarna o imaturo e melancólico Rob Gordon que, apesar de amar a música, vive a infelicidade de não ser bem sucedido em seu negócio.
Análise completa do protagonista você pode ler aqui.
Hedwig – Rock, Amor e Traição (2001)
Direção: John Cameron Mitchell
Roteiro: John Cameron Mitchell & Stephen Trask
Elenco: John Cameron Mitchell, Miriam Shor, Stephen Trask
Hedwig (John Cameron Mitchell) é a vocalista de uma banda de glam rock chamada The Angry Inch. Através de suas canções, ela conta sua história desde quando ainda era menino, em Berlim Oriental, e se apaixonou pelo rock’n’roll, passando pelo seu primeiro amor, um sargento estadunidense, que a coage a trocar de sexo como condição para se casarem e irem para os Estados Unidos. Ela também narra a mágoa que sente de seu antigo pupilo, Tommy Gnosis (Michael Pitt), por ter roubado suas músicas e se tornado um astro de rock, enquanto ela se apresenta em bares e restaurantes pelo país.
Dirigido, roteirizado e protagonizado por John Cameron Mitchell (Shortbus e Reencontrando a Felicidade), Hedwig – Rock, Amor e Traição é baseado no musical Off-Broadway de mesmo nome e autoria de Stephen Trask e do próprio Mitchell. O longa é uma jornada emocional de auto aceitação, de não adequação aos padrões estabelecidos pela sociedade e de poder expressar sua sexualidade e gênero da forma que quiser, explorando sua própria criatividade sem medo, abraçando quem você é e não se rendendo às convenções sociais pré-estabelecidas. Para muitas pessoas trans, Hedwig representa o primeiro retrato positivo de um personagem trans no cinema.
John Cameron Mitchell foi indicado ao Globo de Ouro de Melhor Ator Comédia/Musical e venceu o prêmio de Direção Dramática no Festival de Sundance de 2001.
Escola de Rock (2003)
Direção: Richard Linklater
Roteiro: Mike White
Elenco: Jack Black, Mike White, Joan Cusack
Um guitarrista é demitido da sua banda e, para não ficar sem dinheiro, finge ser professor de música. Indo na direção oposta do que a escola prega, Dewey (Jack Black), conquista os alunos e ensina para eles que o rock ‘n roll é muito mais que uma música de jovens insanos.
O filme conta com um elenco infanto-juvenil extremamente carismático e trata através da relação professor-aluno as noções de fracasso que as pessoas podem carregar. O personagem de Jack Black, assim como alguns estudantes que se acham incapazes de obterem sucesso, têm uma segunda chance, nesse filme.
Cazuza: O Tempo Não Pára (2004)
Direção: Walter Carvalho, Sandra Werneck
Roteiro: Lucinha Araújo, Fernando Bonassi
Elenco: Daniel de Oliveira, Marieta Severo, Reginaldo Faria
Cinebiografia lançada em 2004, baseada no livro Cazuza, Só As Mães São Felizes, escrito pela mãe do cantor, Lucinha Araújo, e pela jornalista Regina Echeverria. O filme conta a história do cantor e compositor Cazuza desde seu início de carreiro como ator na peça Pára-quedas do Coração, encenada no Circo Voador, passando pelo sucesso como vocalista da banda Barão Vermelho e sua carreira solo, finalizando no período em que conviveu com o vírus HIV até sua morte, em 1990.
Cazuza, para muitos, além de cantor e compositor, era um poeta. Suas canções são lembradas e cantadas até hoje pela geração que acompanhou sua carreira, mas também pelas seguintes. Seu nome continua ecoando como um dos maiores artistas do país. Bissexual, rebelde, soropositivo, boêmio e polêmico, sua vida foi curta, mas vivida de forma intensa e sincera. Daniel de Oliveira é um furacão em cena, conseguindo emular toda a personalidade e potência de Cazuza, que ao lado de Marieta Severo, consegue elevar o filme para além da média.
O filme ganhou nada menos que sete prêmios no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro de 2005, e levou mais de 3 milhões de espectadores ao cinemas.
Não Estou Lá (2007)
Diretor: Todd Haynes
Roteiro: Todd Haynes, Oren Moverman
Elenco: Christian Bale, Cate Blanchett, Heath Ledger, Richard Gere
Uma biografia bem atípica para os padrões de Hollywood e para o próprio contexto em que está inserido. Não há aquela estrutura clássica para contar a história em três atos; pelo contrário, a obra de 2007 se recusa em colocar datas e até mesmo mencionar o nome de Bob Dylan por mais de 2 horas.
Que nem o documentário da Netflix dirigido por Martin Scorsese, o filme de Todd Haynes compreende a complexidade da figura em que está sendo analisada. Para revelar essa concepção, a escolha narrativa é colocar vários atores (incluindo uma memorável Cate Blanchett) para interpretar fases desse gênio complexo que está constantemente se transformando, seja pessoal ou artisticamente.
Portanto, o que se vê é um mosaico sobre os tempos e as muitas vidas de um artista fundamental não apenas para a construção do que hoje compreendemos como rock, mas uma das principais imagens da contracultura, ultrapassando todos os limites da música para se tornar uma das vozes para questões sociopolíticas.
Piratas do Rock (2009)
Direção: Richard Curtis
Roteiro: Richard Curtis
Elenco: Philip Seymour Hoffman, Bill Nighy, Nick Frost
Um grupo de amigos fogem da Inglaterra para pode manter uma rádio pirata que toca apenas músicas degeneradas que serviam apenas como má influência para juventude. Com um elenco grandioso composto por grandes nomes do cinema britânico (Rhys Ifans, Bill Nighy, Kenneth Branagh) o filme é uma boa comédia sobre romper com a moral pautada em preconceitos. Na trilha há canções de The Kinks, The Who, Jeff Beck e Cat Stevens.
Punk in Africa (2012)
Direção: Keith Jones, Deon Maas
Roteiro: Keith Jones, Deon Maas
Elenco: Ivan Kadey, Lee Thomson, Warwick Sony, Ruben Rose, Michael Fleck, Paulo Chibanga
O Punk Rock é um dos estilos que mais morre e renasce ao longo da história da música. Sempre acompanhado de alguma polêmica relacionada a política e sociedade, em África (principalmente em Moçambique e Zimbabue), em pleno apartheid, o ritmo foi responsável por dar voz a juventude.
Além de se manifestarem contra o regime por meio da música, cidadãos não-negros se uniram por meio da música para prestar apoio em uma luta antirracista, influenciados por bandas como o The Clash. Bandas desconhecidas do lado de cá do mundo, como Gay Marines, National Wake e Kalahari Surfers são citadas no documentário.
Junto aos depoimentos de músicos e fãs, a história dos meios de divulgação, repressões policiais e influência nos países vizinhos ao continente africano também são abordados. Ritmos como o reggae e o ska também são abordados por fazerem parte do leque de variedades que a música punk sofreu no continente africano.
Rocketman (2019)
Direção: Dexter Fletcher
Roteiro: Lee Hall
Elenco: Taron Egerton, Jamie Bell, Richard Madden
Rocketman chegou aos cinemas depois de uma elogiada estreia em Cannes, prometendo não esconder as polêmicas e os problemas com álcool, drogas, sexo e familiares de Sir Elton John. O filme não só entrega o que promete, como faz isso de maneira imaginativa, criando a persona do Rocketman, um astro isolado, cercado por fama e glória, mas sem amor e conexões humanas. Como diz o protagonista em determinado momento, “Eles não pagaram para ver Reginald Dwight, eles pagaram para ver Elton John”. Assim acontece sua jornada de transformação, até finalmente ele compreender o que é, de fato, importante em sua vida.
Dirigida por Dexter Fletcher, a obra é imaginativa por conta de seus momentos fantásticos, que contrastam com a realidade, dando um ar mais mágico e extravagante, mais poético para o longa. Taron Egerton cai como uma luva no papel, energético, sensível, inquieto e performando de forma excelente as versões com novos arranjos e letras modificadas, feitas exclusivamente para o filme. Rocketman ainda venceu um Oscar de Melhor Canção Original, o segundo da carreira de Sir Elton John e o primeiro de Bernie Taupin, o eterno amigo e compositor de Elton.
Análise completa do filme você pode conferir aqui.
Yesterday (2019)
Direção: Danny Boyle
Roteiro: Richard Curtis, Jack Barth
Elenco: Himesh Patel, Lily James, Sophia Di Martino, Kate McKinnon
Como seria acordar em uma realidade onde os Beatles nunca existiram? E se você fosse a única pessoa dessa realidade a lembrar de todos os sucessos da maior bandas de todos os tempos? Esse é o plot central de Yesterday. Jack (Himesh Patel) é um músico que não consegue deslanchar em sua carreira, até que é atropelado e quando acorda no hospital, o mundo está um pouco diferente: algumas coisas que fazem muito sucesso simplesmente não existem, nem nunca existiram. Entre elas, a banda formada pelos garotos de Liverpool. Ao se dar conta disso, Jack passa a usar as músicas dos Beatles como se fossem composições dele.
Além do dilema moral e de boas tiradas de comédia, Yesterday traz ainda um romance fofo entre o protagonista e Ellie (Lily James), sua amiga de infância e empresária. O filme encanta mesmo pela nostalgia de ouvir tantas canções que marcaram a história do rock e da música como um todo. É interessante ver o poder que cada um dos verdadeiros hinos dos Beatles exercem sobre as pessoas. É um filme feel-good que vale a pena conferir. Uma delicinha!