Curta um Curta | A Morte Branca do Feiticeiro Negro
Intercalando paisagens contemporâneas com fotografias de pessoas negras e takes de ambientes como senzalas e fazendas, o diretor resgata um fragmento dessa história.
Uma experiência sensorial na qual imagem e som constroem um lamento. A trilha parece um choro agoniado e acompanha legendas que relatam a falta de esperança, uma carta de despedida, um adeus suicida. As sensações de angústia e desespero são estabelecidas e impulsionadas para atingir quem está do outro lado da tela.
A Morte Branca do Feiticeiro Negro é um ensaio sobre o banzo, explorando as muitas camadas desse sentimento. Em cores, sombras e movimento, Rodrigo fala sobre cinco séculos do impacto e das consequências da escravização mercantilista em corpos e mentes dos povos negros e seus descendentes. Ele elimina a narrativa linear e em um fluxo perceptual provoca a reflexão sobre o que ultrapassa a perspectiva racional e adentra na profundidade do indivíduo.
Assim, é inevitável não ser envolvido por essa dor pungente que caminha ao longo dos séculos e marca corpos e espíritos afrodescendentes, amplificada por uma sociedade que acolhe o esquecimento das mazelas provocadas pelos anos escravização. Que mais títulos como esse desvendem, por meio das linguagens, sensações.
Nota: ★★★★★
¹ Banzo é uma palavra que, segundo Nei Lopes no Novo Dicionário Banto do Brasil, tem origem na língua QUICONGO, mbanzu: pensamento, lembrança; e no QUIMBUNDO, mbonzo: saudade, paixão, mágoa. Para ele, “Banzo é uma nostalgia mortal que acometia negros africanos escravizados no Brasil”. Nos dicionários oficias de língua portuguesa – os dicionários brancos –, banzo é definido como saudade da África, ou como adjetivação para pessoa triste, pensativa, atônita, pasmada, melancólica. (Portal Geledés)