Na Netflix | Power

Em um futuro próximo, em Nova Orleans, surge uma nova droga chamada power, capaz de conceder superpoderes aleatórios por um período de cinco minutos para quem a toma. Rapidamente a novidade atrai vários traficantes locais. Em poucas semanas a pílula se torna um sucesso, virando uma forma de obter dinheiro para a adolescente Robin (Dominique Fishback) e um grande problema para o policial da cidade Frank Shaver (Joseph Gordon-Levitt), que acredita que a única maneira de combater de igual para igual os criminosos que se utilizam da droga para cometer crimes é ingerindo-a também.

Os dois possuem uma relação em que, enquanto Shaver obtém o power de Robin, ela recebe dinheiro dele para ajudar nas contas de casa e para ser usado na cirurgia de sua mãe doente. No entanto, a partir do momento em que surge no caminho de ambos a figura do ex-militar Art (Jamie Foxx), os três precisarão unir forças para combater a organização que produz a pílula e salvar a filha do Major que pode ser a chave para a produção da droga.

Um dos personagens sob efeitos dos superpoderes gerados pela droga Power, dando-o a habilidade de ficar em chamas. Como consequência, toda a pele do seu corpo fica queimada.

Dirigido pela dupla Henry Joost e Ariel Schulman (Nerve: Um Jogo Sem Regras e Catfish), Power é um filme com uma premissa ambiciosa e promissora ao transformar superpoderes em efeitos de uma droga ainda instável, que da mesma forma que pode deixar o usuário poderoso, pode ser igualmente fatal. No entanto, o que poderia ser um longa empolgante, acaba se rendendo às convenções tão presentes em filmes de ação genéricos.

Se passando majoritariamente nas noites de Nova Orleans, na Flórida, os diretores optam por mostrar os vestígios deixados pelo Furacão Katrina, mesmo quinze anos após sua passagem. A cidade visivelmente não se recuperou do desastre e ainda sente os impactos da catástrofe na forma de parques, automóveis e imóveis abandonados, além da pobreza.

Há uma sensação de abandono por parte das autoridades, é uma metrópole esquecida e marcada pela desigualdade social. O filme pincela rapidamente as questões raciais na sociedade, assim como a falta de expectativas para quem é jovem (principalmente negro), cujo sistema foi feito para oprimi-lo e marginalizá-lo. Contudo, é muito pouco e uma discussão que poderia ser melhor explorada em paralelo à situação em que a metrópole se encontra, no fim, é desperdiçada.

O personagem de Joseph Gordon-Levitt leva um tiro, mas graças aos superpoderes gerados pela droga Power ele sobrevive.

Ainda que a parte visual das mudanças corporais dos usuários ganhando os poderes seja realizada de maneira que ocorra um destaque à violência e visceralidade (acompanhando o tom mais realista buscado pela obra), com o passar da história o que poderia causar uma certa tensão e curiosidade por não sabermos qual habilidade a pessoa possui, passa a ser usado de forma conivente para o andamento do roteiro. Por exemplo, a habilidade de um é ser a prova de balas, então, ele será útil em uma parte do filme; o segundo terá superforça, o que será útil em outro momento do longa; o terceiro tem o poder de reviver pessoas, o que será conveniente em outra sequência; e por aí vai. É previsível e frustrante para quem assiste.

O grande destaque de Power fica por conta da atriz Dominique Fishback, simplesmente uma revelação. Sua personagem domina a cena, comandando cada sequência e “engolindo” seu dois principais companheiros de elenco. Se esse longa serve para alguma coisa, é para dar maior visibilidade a uma atriz com enorme talento e que, a partir de agora, pode ter mais oportunidades de brilhar em projetos futuros.

A protagonista de Power Dominique Fishback encara a pílula da droga que dá superpoderes ao seu usuário por cinco minutos.

O novo lançamento da Netflix para o mês de agosto pode ter efeitos especiais de qualidade e uma premissa com potencial, mas os caminhos que a história percorre já foram vistos e revistos antes. Vilões desinteressantes (estou falando de você mesmo, Rodrigo Santoro!), personagens pouco ou nada desenvolvidos, como o de Gordon-Levitt, só dificultam ainda mais a criação de algum interesse do público com o que se vê em tela. Junto a isso, os temas abordados de modo rápido, que poderiam gerar discussões e trazer mais profundida para a proposta realista do filme, não são valorizados e explorados da forma que poderiam ser.

No fim, se Power fosse uma de suas pílulas, seu superpoder seria o de ser uma grande decepção.

Para assistir o filme na Netflix, é só clicar aqui.

Nota: ★★✰✰✰

 

Ficha Técnica

Título Original: Project Power

Direção: Henry Joost & Ariel Schulman

Roteiro: Mattson Tomlin

Elenco: Jamie Foxx, Joseph Gordon-Levitt, Dominique Fishback, Rodrigo Santoro, Colson Baker, Allen Maldonado, Amy Landecker, Courtney B. Vance

Montagem: Jeff McEvoy

Fotografia: Michael Simmonds

Trilha Sonora: Joseph Trapanese

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Vinicius Dias

Carioca graduado em Relações Internacionais, não sabe muito bem quando começou a sua paixão pela Sétima Arte, mas lembra de ter visto Tarzan (1999) no cinema três vezes e de ter sua fita dupla de Titanic (1997) confiscada pela sua mãe por assistir ao filme mais vezes do que deveria. Não gosta de chocolate, café e Coca-Cola, mas é apaixonado por Madonna, Kylie Minogue e Stanley Kubrick.

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