Na Netflix | Dançarina Imperfeita
A Netflix investiu mais uma vez em temáticas adolescentes, porém, assim como em Feel The Beat, com uma boa dose de ritmo. Em Dançarina Imperfeita também há a busca pelo sonho, mas a finalidade de tanto esforço não tem, inicialmente, a ver com os palcos ou com a própria dança. Vale aqui então o paralelo com outro filme original Netflix: assim como o personagem de Noah Centineo em O Date Perfeito, a protagonista do novo lançamento da gigante do streaming sonha em entrar em uma grande universidade americana, mas falta algo.
A comédia é estrelada pela carismática (ainda que um tanto limitada) Sabrina Carpenter como Quinn Ackerman. Filha única de uma mãe viúva, ela cresce alimentando o desejo de ir para a Universidade Duke, uma das mais prestigiadas do mundo e onde seu pai teve sua formação. A fim de conseguir chegar lá, Quinn se debruça nos estudos e em tudo o que parece montar o currículo perfeito de uma ingressante de Duke, afinal, por lá, ser aceito em uma grande universidade depende de mais que uma simples nota — todo o background do aluno conta. O que ela não esperava era, na primeira entrevista, descobrir que faltava uma faísca, algo especial que a diferenciasse de todos os outros candidatos.
Mas é nessa mesma ocasião que ela tem a ideia de tentar aproveitar o sucesso da famosa equipe de dança da sua escola a seu favor. Mesmo com a ajuda de sua melhor amiga, Jasmine (Liza Koshy), que é uma das melhores dançarinas do grupo, as coisas mais uma vez não saem como planejado: a equipe é liderada por Julliard (Keiynan Lonsdale, o Bram de Com Amor, Simon), um talentoso dançarino cujo dom e sucesso subiram à cabeça. A situação pede medidas extremas e Quinn e Jasmine decidem montar sua própria equipe com um grupo bastante improvável e absolutamente heterogêneo. Com a ajuda do coreógrafo Jake Taylor (Jordan Fisher), parece que as coisas ganham mais chances de dar certo.
Dançarina Imperfeita é um daqueles filmes clichês que você já sabe mais ou menos como vai ser o desfecho desde o começo, mas que tem suas qualidades aqui e ali. Além do carisma do elenco principal, o longa conta com ótimas sequências de dança de variadas modalidades e algumas delas são de encher os olhos (principalmente se você também for dançarina, como eu). Embora as personalidades dos demais integrantes da equipe montada por Quinn e Jas tenda a pesar um bocado a mão na caricatura, eles também rendem alguns momentos divertidos. Poderiam ser mais bem explorados? Com toda a certeza. Assim como a relação da protagonista com a mãe certamente daria mais camadas de profundidade, não só à personagem, como a toda a história. Mas, dentro de toda a despretensão do filme, é algo que o espectador nem espera. E como sentir falta de uma coisa que você nem espera?
O mais interessante do filme da diretora Laura Terruso, além do romance que é até fofo — mas não é uma narrativa central —, é que viver uma experiência diferente leva a personagem de Sabrina Carpenter a vivenciar as coisas normais da idade que ela estava perdendo porque só se dedicava ao seu currículo escolar. Não só é despertado nela um amor pela dança (que cá pra nós, é realmente algo apaixonante), mas através dessa nova paixão ela até passa a se conhecer melhor e ver as situações por uma nova perspectiva.
Apesar disso, o final do filme não tem exatamente uma “moral da história”. O longa como um todo é básico e previsível, com desfechos fáceis até demais para os arcos. Porém, Dançarina Imperfeita serve como uma celebração da dança e também diverte com seus números e apresentações.
Nota: ★★★✰✰
Ficha Técnica:
Título Original: Work It
Ano: 2020
Direção: Laura Terruso
Roteiro: Alison Peck
Elenco: Sabrina Carpenter, Liza Koshy, Jordan Fisher, Keiynan Lonsdale
Fotografia: Rogier Stoffers
Trilha Sonora: Germaine Franco
Figurino: Georgina Yarhi