Listão do Clube | O legado de Ennio Morricone

 

Hoje o compositor italiano Ennio Morricone completaria 92 anos. E em celebração ao seu aniversário e legado, a equipe do Clube da Poltrona decidiu fazer uma pequena lista contendo algumas composições marcantes desse gênio das trilhas sonoras.

Para quem não conhece, Ennio Morricone foi responsável pela composição de mais de 400 trilhas para o cinema e televisão, trabalhando com diretores como Sergio Leone, Quentin Tarantino, Brian De Palma, Terrence Malick, Pier Paolo Pasolini, Giuseppe Tornatore, John Carpenter, entre muitos outros. Ao longo de sua carreira, ganhou dois Oscars: em 2007, pelo conjunto da obra, e em 2016, pela trilha sonora do filme Os Oito Odiados, de Quentin Tarantino.

Confira a lista abaixo e relembre com a gente alguns grandes trabalhos dessa lenda da Sétima Arte:

 

“Harmonica”, de Era uma vez no Oeste
  • Por Jonatas Rueda

Ennio Morricone é um daqueles raros compositores que conseguem transformar qualquer filme memorável por causa de suas trilhas sonoras. Após a denominada Trilogia dos Dólares (1964-1966), a parceria com o diretor Sergio Leone mudaria para sempre o cenário do faroeste dentro da indústria.

Contudo, dois anos depois, a dupla iria realizar mais uma brilhante contribuição com Era Uma Vez no Oeste (a análise dessa obra-prima você pode ler aqui). A faixa “Harmonica”, mesmo que não seja a mais famosa das composições do artista italiano, demonstra sua genialidade em unir o poder da música com o propósito narrativo da história contada.

A palavra significa “gaita”. Tal instrumento musical é o elemento que faz com que o espectador seja apresentado ao homem misterioso interpretado por Charles Bronson. As notas melancólicas dentro da diegese possui esse intuito de representar o passado trágico do personagem, mas também como algo iminentemente ameaçador já revelado na inesquecível sequência inicial — fato que é bem reforçado pelos olhos intensos de Bronson e as notas pontuais da guitarra dentro do próprio arranjo, criando uma roupagem única e atípica para o gênio inserido.

Como bem disse Quentin Tarantino: Vida longa ao Rei!

Para ouvir a composição, clique aqui.

 

“Tema D’Amore”, de Cinema Paradiso
  • Por Vinicius Dias

Cinema Paradiso, dirigido por Giuseppe Tornatore, sem dúvidas é uma das maiores obras-primas que o cinema italiano já produziu. A história de Salvatore (Jacques Perrin), que relembra a infância na sua cidade natal e sua amizade com o projecionista Alfredo (Philippe Noiret), é uma das cartas de amor ao Cinema mais sensíveis e belas já produzidas. E grande parte da explosão de emoções que sentimos ao assistir o longa vem da belíssima trilha sonora composta por Ennio Morricone e seu filho, Andrea Morricone.

A faixa “Tema D’Amore”, que toca em diversas passagens do filme – especialmente no fim, te levando às lágrimas –, virou marca registrada do longa. Basta ouvir as primeiras notas e certamente se lembrará de Cinema Paradiso. O som inconfundível do clarinete, que aos poucos vai ganhando a companhia do som de uma flauta transversal, de violinos e violoncelos, e outros instrumentos de sopro,  vão moldando um tema que entrou para a História.

Inquestionavelmente, uma das maiores composições já feitas para o Cinema.

Para ouvir a composição, clique aqui.

 

“The Ecstasy of Gold”, de Três Homens em Conflito
  • Por Yasmine Evaristo

A música feita para o ápice de Três Homens em Conflito eleva a máxima potência a felicidade d’O Feio, Eli Wallach, ao encontrar o local em que está enterrado o dinheiro que o move ao longo do filme. Sergio Leone abre o horizonte mostrando o cemitério, enquanto Tuco corre pelas tumbas e a melodia cresce.

A euforia do ladrão, ao se movimentar em direção ao fim de seu arco-íris, é intercalada entre um olhar que o mostra ora por inteiro, ora muito próximo – o close e o long shot são características de todo o longa – e, se encerra com a aceleração do ritmo e o canto em tirolês, marca que identifica a trilha dessa personagem.

O título da composição integra a sensação que vivemos naquele momento de despreocupação, alegria e bem estar que a personagem sente diante do cumprimento de seu objetivo e da possibilidade de ser rico.

Para ouvir a composição, clique aqui.

 

“Humanity (Part 2)”, de O Enigma de Outro Mundo
  • Por Tiago Araújo

Em entrevista para a Rolling Stone, John Carpenter disse que Ennio Morricone foi fabuloso e genial como compositor de O Enigma de Outro Mundo, explicando que tudo o que pôde dizer para o compositor foi “menos notas” depois de um breve encontro em Roma. Morricone apresentou então o tema principal, simples e com os sintetizadores tão apreciados pelo diretor.

Mesmo trabalhando pouco juntos, dois gênios se complementam. O compositor italiano não só fez uma trilha que é totalmente do estilo de composição habitual do cineasta, mas também que traduz de maneira perfeita a sensibilidade do diretor em relação ao tom geral do filme. Carpenter acabou completando algumas trilhas que faltaram, após perceber que eram necessárias mais faixas no momento da montagem.

Humanity (Part 2) é uma das partes fundamentais da trilha musical do filme. Escute junto da primeira parte para apreciar uma composição brilhante de 14 minutos, ao mesmo tempo simples, bonita e assustadora. Ela consegue te levar pra diversos lugares emocionais diferentes e te prende na cadeira, de maneira que apenas Morricone consegue.

O Enigma de Outro Mundo também é a prova da versatilidade do compositor italiano, que compõe aqui para um clássico do terror. A trilha musical é tão reconhecida, que Quentin Tarantino foi buscar uma das faixas não utilizadas para colocar em Os Oito Odiados — o último filme de Morricone e o que lhe rendeu o Oscar.

Para ouvir a composição, clique aqui.

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Vinicius Dias

Carioca graduado em Relações Internacionais, não sabe muito bem quando começou a sua paixão pela Sétima Arte, mas lembra de ter visto Tarzan (1999) no cinema três vezes e de ter sua fita dupla de Titanic (1997) confiscada pela sua mãe por assistir ao filme mais vezes do que deveria. Não gosta de chocolate, café e Coca-Cola, mas é apaixonado por Madonna, Kylie Minogue e Stanley Kubrick.

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