Na Netflix | Amor e Monstros

 

Para muitas pessoas chega o momento de sair da segurança da nossa zona de conforto e encarar o mundo, que a princípio pode parecer assustador e perigoso. Essa jornada de desbravamento dos mistérios mundanos rumo a nossa independência acaba sendo, diversas vezes, mais importante do que o final dela. E é exatamente isso que o novo lançamento da Netflix Amor e Monstros defende, uma vez que é durante o caminho que temos a oportunidade de errar, aprender, nos descobrir e amadurecer.

Joel Dawson (Dylan O’Brien) é um jovem que há sete anos vive num bunker junto de outro sobreviventes após o apocalipse dos monstros, quando criaturas gigantes tomaram o controle do planeta dizimando 95% da humanidade.

Depois de conseguir contato pelo rádio, após dezenas de tentativas, com Aimee (Jessica Henwick), sua namorada do colégio, Joel percebe que não tem nada o prendendo onde está e toma coragem de ir ao encontro dela. O problema é que ela está a mais de 130km de distância em uma outra colônia de sobreviventes localizada no litoral da Califórnia, o que o levará a enfrentar monstros perigosos e seus próprios medos pelo caminho.

Vendido pela Paramount para a Netflix (que ficou responsável pela distribuição internacional do longa) por conta da pandemia de COVID-19, Amor e Monstros é uma boa opção para quem procura divertimento descompromissado e passageiro. Com uma trama simples que sai do ponto A até o ponto B, o filme conta com um protagonista de fácil identificação.

Deslocado, Joel é solitário e está em busca daquela que acredita ser seu grande amor, além de uma das suas últimas lembranças positivas antes do apocalipse. É como se ela representasse a tábua de salvação para o rapaz que está desesperado por achar o seu lugar.

Honesta, essa aventura infanto-juvenil não busca “reinventar a roda”, pelo contrário, ela fica no modo mais seguro possível. Porém, isso não significa que seja algo ruim, já que o “feijão com arroz” garante que o arco do personagem de O’Brien seja crível — assim como seu aprendizado e amadurecimento –, ganhando o público ao focar no fator humano e não no gigantismo de monstros genéricos e desinteressantes. Isso vai fazer com que o espectador torça por Joel e se preocupe com cada passo dado naquele mundo inóspito. Além disso, a presença do cachorro “Boy” como seu companheiro de jornada garante momentos muito divertidos de interação e descontração entre os dois, gerando boas risadas ao longo das quase duas horas de filme.

Cabe ressaltar que a ambientação do longa pode até não trazer nada de novo para o subgênero pós-apocalíptico, mas o design dos monstros que habitam a superfície (aliando os efeitos práticos com os computadorizados) é bem feito e ameaçador, fator essencial para que quem assiste entenda o quão perigoso o mundo se tornou. Como consequência, o protagonista em sua jornada precisa estar sempre atento ao que está a sua volta, já que a qualquer momento alguma criatura pode surgir do chão, dá água, de um buraco, das pedras, das árvores ou qualquer outro lugar. Sua indicação ao Oscar de Melhores Efeitos Visuais foi surpreendente, mas merecida.

Amor e Monstros ainda que traga uma história estruturalmente já bastante conhecida, se diferencia devido a um protagonista divertido e carismático que conquista o interesse do público rapidamente. Tecnicamente competente na criação dos monstros do título, o filme é um espirituoso entretenimento para quem quer esvaziar a cabeça e acompanhar a jornada de Joel em busca do seu grande amor. Nessa aventura, o protagonista vai aprender a não se acomodar, mesmo no fim do mundo, e que o caminho pode ser mais importante do que a chegada.

Para assistir o filme na Netflix, clique aqui.

Nota: ★★★✰✰

 

Ficha Técnica

Título Original: Love and Monsters

Ano: 2020

Direção: Michael Matthews

Roteiro: Brian Duffield & Matthew Robinson

Elenco: Dylan O’Brien, Jessica Henwick, Dan Ewing, Ariana Greenblatt, Michael Rooker

Fotografia: Lachlan Milne

Montagem: Debbie Berman & Nancy Richardson

Trilha Sonora: Marco Beltrami & Marcus Trumpp

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Vinicius Dias

Carioca graduado em Relações Internacionais, não sabe muito bem quando começou a sua paixão pela Sétima Arte, mas lembra de ter visto Tarzan (1999) no cinema três vezes e de ter sua fita dupla de Titanic (1997) confiscada pela sua mãe por assistir ao filme mais vezes do que deveria. Não gosta de chocolate, café e Coca-Cola, mas é apaixonado por Madonna, Kylie Minogue e Stanley Kubrick.

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