Listão do Clube | As Mães Mais Incríveis do Cinema

 

As relações entre mães e filhos costumam ser um prato cheio para histórias fascinantes. No cinema, temos variadas obras que trazem esses exemplares de personagens, cuja maternidade as moldam e as eternizam como grandes mães da sétima arte. Foi pensando nisso que o Clube da Poltrona intimou seus membros a lembrar de algumas dessas mulheres. O resultado você confere abaixo em 12 itens:

Sarah Connor, de O Exterminador do Futuro 2 

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O contraste da personagem nos dois primeiros filmes é gritante. Enquanto no primeiro Connor (Linda Hamilton) é a donzela indefesa que precisa ser salva, no segundo, o jogo muda completamente. A personagem se transforma basicamente em uma máquina de combate. A mãe que faz de tudo para proteger o filho, pensando sempre no bem-estar dele, mesmo no meio do caos.  

O modo como mãe e filho vão aprendendo um com o outro é natural, e faz crescer dentro dela uma confiança que apenas uma mãe poderia ter dentro de si. O ápice da personagem é atingido quando ela entende que o equilíbrio entre ser durona e emotiva é o caminho certo para poder salvar John (Edward Furlong) e, de modo indireto, a humanidade. Connor é, sem dúvidas, uma das mães mais badass da história do cinema.  

Halley, de Projeto Flórida 

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Nem toda mãe é o melhor exemplo do mundo. Nem todas têm condições de dar o melhor para seus filhos, e Halley (Bria Vinaite) é um bom exemplo de força e determinação. Não deixar que Moonee (Brooklynn Prince) sofra e garantir que tenha sempre comida e um lugar para dormir é o principal objetivo dela. Mesmo que para isso, ela tenha que fazer coisas extremamente radicais.  

Halley sabe que tudo pode ir por água abaixo e isso nos faz entender ainda mais o desespero e o poder que essa mulher tem dentro de si. Não é fácil ser julgada por todos, não é fácil ter que quebrar os olhares tortos, levantar todos os dias de sua cama e colocar um sorriso no rosto de sua querida filha, mesmo que isso lhe custe tudo.

Por Ítalo Passos 

 

Nic e Jules, de Minhas Mães e Meu Pai 

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Em tempos de expressão dos direitos, vemos em Minhas Mães e Meu Pai a liberdade do sexo e o direito de ser mãe. Sim, um filme sobre uma família não-tradicional. O casal lésbico, Nic (Annette Bening) e Jules (Julianne Moore), vivem em Los Angeles com seus filhos adolescentes concebidos por inseminação artificial. Laser (Josh Hutcherson), quer encontrar seu pai através do banco de doação de esperma; e Joni (Mia Wasikowska) o ajuda.

A fita, sem ser caricatural, investe na relação maternal, na autoridade das duas mães, na educação firmada com muita sinceridade na disposição “mães versus filhos”. Como se compreende que amor de mãe para filho independe de questões ligadas à sexualidade? O filme não exibe preconceitos alheios, pelo contrário: os personagens percebem que duas mães transmitem a mesma forma de integridade amorosa e moral que qualquer casal hétero tradicional. Enquanto a personagem da Bening parece mais “durona”, Moore exibe a face de alguém mais permissiva à hiperatividade dos filhos. A dinâmica sentimental estabelecida pelo roteiro, com certa dose de humor, exibe um universo íntimo sobre comportamentos maternos, bem naturalista. Sucesso de público e crítica, obteve 4 indicações ao Oscar 2011 — incluindo Melhor Filme do ano. 

Maria, de O Impossível 

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A trama de sobrevivência, através de Maria (Naomi Watts) que, ao aproveitar as férias na Tailândia junto com o marido (Ewan McGregor) e seus três filhos, enfrenta um tsunami de proporção avassaladora que atinge o local. A fita dirigida por Juan Antonio Bayona coloca essa personalidade materna de forma crível e emocional em cena, numa atuação dolorosa de Watts (indicada ao Oscar de atriz) que tenta sobreviver, ao lado do filho mais velho (Tom Holland). As cenas em que ambos passam por situações de perigo, e tentam fugir do efeito caótico que aflige o lugar, exemplifica a dedicação não só de uma mãe que tenta proteger o rebento — mas, coloca para o espectador a noção de uma relação amorosa de “filho versus mãe”. Uma lição de vida, uma história de superação que fez muito sucesso em 2012. 

Por Cristiano Contreiras 

 

Sra. O’Brien, de A Árvore da Vida 

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Jessica Chastain (na melhor atuação de sua carreira) é precisamente colocada no escopo poético, típico do diretor Terrence Malick, para ser uma alusão direta da Graça, adquirindo contornos amorosos e compreensivos para a figura materna que, dentro do contexto narrativo, tornam-se complexos por causa do conflito ideológico que reside em seu lar. Sem dúvida, merece estar na lista das maiores (e definitivas) mães do Cinema.  Análise completa da personagem aqui.

Mãe de Mason, de Boyhood: Da Infância à Juventude

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Diferente da abordagem de Malick, Richard Linklater calca a personagem materna no corriqueiro e, ainda assim, transforma em algo belamente real.  

A personagem vivida por Patricia Arquette (vencedora do Oscar de atriz coadjuvante) é justa, companheira, trabalhadora, mas também tem sua parcela de sofrimento por praticamente sustentar, sozinha, dois filhos; além de se emocionar ao realizar a rapidez dos momentos vividos — exposto pelo emocionante diálogo com o protagonista, no final: “Eu achava que haveria mais”. Como não respeitar, e até mesmo compreender, que essa é a realidade de muitas? Não é por acaso que a mãe não tem seu nome mencionado nem uma vez sequer, por justamente ter a intenção de dizer que aquela é a representação de todas que podemos considerar como uma mãe exemplar. 

Por Jonatas Rueda 

 

Maria, de A Noviça Rebelde

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Inicialmente levada do convento para trabalhar como babá dos sete filhos do viúvo Capitão Von Trapp (Christopher Plummer), a sonhadora Maria precisa de doses extras de paciência para conquistar os 7 pestinhas com idade entre 6 e 16 anos. Em meio ao luto ainda permanente pela perda da Sra. Von Trapp, e ao caos da guerra, Maria traz luz de volta para a mansão da família e, com muita doçura, criatividade, amor e uma alegria contagiante, conquista muito mais do que a confiança de Liesl, Louisa, Friederich, Kurt, Brigitta, Marta e Gretl — conquista um espaço de mãe no coração de todos eles.

Seu instinto de zelo e proteção é tão real quanto o de qualquer mãe, assim como a dor com a possibilidade de ter que deixá-los. A Maria interpretada por Julie Andrews pode não ser mãe biológica, mas é, sem dúvidas, a representação materna para as crianças da família Von Trapp.  

Joy, de O Quarto de Jack 

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A forma como Jack (Jacob Tremblay) a chama carinhosamente de ‘Ma’ o tempo todo (provavelmente um diminutivo de “mother”) demonstra como, apesar das circunstâncias, Joy Newsone (Brie Larson), conseguiu criar seu filho cercado de amor. Aprisionados dentro de um pequeno espaço, Joy — ou Ma, se preferir —, em toda a sua definição de “mãe leoa”, protegeu Jack e inventou um mundo inteiro dentro do quarto, permitindo que o garoto se desenvolvesse bem e tivesse até momentos felizes. É verdade que ela passou por muitas provações e  protegeu Jack a qualquer custo, em detrimento até da própria segurança e dignidade. A dupla tem um no outro sua fortaleza: uma ligação que inspira amor e que foi sua grande fonte de coragem a cada dia.  

Por Roseana Marinho 

 

Eva, de Precisamos Falar Sobre o Kevin 

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Nem sempre a maternidade é um mar de rosas, e o cinema já nos demonstrou várias vezes que, assim como na vida real, nem toda mulher possui vocação para ser mãe. Mas, até onde a apatia de uma mãe pode influenciar na personalidade sociopata do filho? E vice-versa: como um evento de porte cruel afeta a mãe de uma criança violenta? Precisamos Falar Sobre o Kevin examina a relação entre Eva Khatchadourian (Tilda Swinton) e seu filho Kevin (Ezra Miller, na fase adolescente), um garoto problemático, aparentemente, desde o nascimento.

Mãe e filho são feito espelhos: ao passo que Eva se mostra negligente em relação aos cuidados maternos, o menino se desenvolve igualmente sem interesse em demonstrar afeto. A criança se torna um fardo. Kevin é tudo, menos a alegria de sua mãe. O filme se concentra nessa conexão entre os dois, mas não entrega uma resposta concreta. O roteiro evita uma explicação fácil, mas disseca o psicológico de seus complexos personagens para jogar ao espectador a oportunidade de reflexão. Há ressentimento, ódio e manipulação, mas também há estranhas tensões de respeito e até de amor. Eles se identificam um com o outro de formas que não estão preparados para admitir. Quando o filme acaba, a mensagem desconfortável é de que mesmo que Kevin não seja a alegria de Eva, ele ainda pertence a ela.

Rosa, de Como Nossos Pais

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Há filmes que surgem para provocar. Em Como Nossos Pais, Maria Ribeiro interpreta Rosa, uma mãe casada, que reprime sofrimentos para não causar o mal-estar familiar. A história inicia justamente quando Rosa não consegue mais estancar a pressão que sofre por ser frustrada na vida pessoal e profissional. Ao que tudo indica, ali não há falta de amor. Rosa ama as filhas, mas não está feliz consigo. Por isso, o filme se torna tão forte ao jogar uma questão que toca numa ferida crucial na sociedade: vale ser infeliz e submissa para se encaixar no padrão de mãe e esposa perfeitas? Rosa diz que não. Através de sua viagem interna, a personagem compreende que é possível sair da redoma que a prende em padrões, sem que isso lhe tire o zelo e carinho pelas filhas. Assim como qualquer pessoa, uma mãe pode ser o que ela quiser, pois, após a chegada de um filho, ela não perde sua individualidade.

O roteiro ainda toca na relação de Rosa com sua mãe, para nos mostrar o típico choque entre gerações. A direção precisa de Lais Bodanzky se torna empática, pois igualmente como mãe, esposa e profissional, sente na pele os perrengues que afligem Rosa. A fita acaba, mas a provocação continua. Será que estamos olhando para a maternidade, e para o papel da mulher nessa tarefa, de uma maneira sensata; ou estamos atados a comportamentos culturais de outros tempos? Rosa teve coragem para atravessar as marcas atemporais e vai além em sua busca por transformação.

Por Elaine Timm

 

Sofia, de A Escolha De Sofia

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Se no início a personagem de Meryl Streep é vista como aparentemente frágil, ao final de A Escolha de Sofia ela se mostra a mulher que sobreviveu ao maior horror que a humanidade já registrou, e a mãe que precisou tomar a decisão mais dolorosa que qualquer uma poderia tomar: escolher qual dos dois filhos deveria ser morto, numa das cenas mais excruciantes do cinema.

Embora marcada por todos esses traumas, Sofia ainda se coloca em risco para salvar a vida do filho que lhe sobrara. E, se nada é fácil para a polonesa, deixar tudo para trás e recomeçar não seria diferente. Sofia acaba por ser, muito provavelmente, uma das personagens mais trágicas dessa lista.

Val, de Que Horas Ela Volta

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Um dos filmes nacionais mais relevantes dos últimos anos nos apresenta Val, pernambucana, empregada doméstica, que vive na grande São Paulo e que cuida do filho dos patrões há anos. Na constante batalha por uma vida melhor, Val deixou para trás a filha Jéssica (Camila Márdila), que, em ano de vestibular, resolve ir para São Paulo, se reaproximando da mãe. O que Val não sabia era que a filha agora era uma mulher determinada, questionadora e que não estava disposta a receber um tratamento diferente por ser “a filha da empregada”.

É diante desses conflitos que a mulher — vivida com maestria por Regina Casé — precisa se desdobrar em seu papel maternal, enquanto se vê aprendendo lições muito valiosas; lições que botam em xeque tudo o que foi construído em sua vida desde que ela precisou sair de casa e abdicar da criação da filha. Val é um presente tão bonito quanto real do nosso cinema.

Por Evandro Lira

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Evandro Lira

Evandro gosta tanto de filmes que escolheu a opção Cinema e Audiovisual no vestibular, e hoje cursa na UFPE. Em constante contato com a cultura pop, se divide entre as salas de cinema, as aulas sobre Eiseinsten, xingar muito no Twitter e a colaborar com o Clube da Poltrona.

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