Christopher McQuarrie é o primeiro diretor a comandar mais de um filme da franquia Missão: Impossível. Podemos dizer que isso foi um dos maiores acertos da sexta parte dessa história que, em mais de 20 anos, conseguiu se reinventar e crescer junto com seus personagens—principalmente em relação a Ethan Hunt, que foi mais humanizado e fez com que nossa sincronia com ele fosse se apurando cada vez mais. É algo louvável, já que a cada ano que se passa a saga se supera em suas cenas de ação, nos levando além do limite, com bastante adrenalina.

Aqui, quando uma importante missão não sai como o planejado, Ethan Hunt (Tom Cruise) e o time do IMF unem forças em ação numa corrida contra o tempo para acertar as contas com os erros do passado. Já percebemos uma diferença quando a tradicional abertura com a música tema demora a aparecer—já que nos outros filmes da franquia, após uma breve cena inicial, já se acendia o pavio e a música crescia—isso é o filme nos deixando claro que essa missão não será como as outras e que tudo será muito mais difícil.

O que mais impressiona nesta obra são suas cenas de ação e o controle que McQuarrie tem sobre elas. São diversas sequências que nos deixam sem fôlego; como a do banheiro, onde entendemos tudo que se passa em tela, cada movimento dos personagens, cada soco. O posicionamento das câmeras é muito bem pensado para dar mais força a cada impacto. Durante essa mesma luta, notamos a diferença da luta de Walker (Henry Cavill) e Hunt. Enquanto Hunt sempre pega um pouco mais leve, tentando sempre extrair algo de seu adversário ao derrotá-lo, Walker já é pura força bruta e quer eliminar seu adversário a qualquer custo, não importam as consequências. São contrastes importantíssimos para o desenvolvimento de ambos na trama.

Outro momento de brilhantismo do diretor é durante toda a longa e empolgante sequência de perseguição em Paris. A sensação de que tudo pode dar errado, com Hunt em cima de uma moto passando entre carros, fazendo curvas fechadas por toda a conhecida Cidade Luz, deixa o público empolgado. A câmera, aplicando leves “efeitos vertigo” ou dolly zoom, trazendo uma pequena confusão ao público, remete diretamente às decisões difíceis que o personagem tem que tomar rapidamente.

Sempre que os personagens chegam em um novo local, o diretor de fotografia Rob Hardy explora com a câmera mais aberta todo o ambiente, deixando claro ao público pré-definido onde toda a ação irá se passar. Já em ambientes mais fechados, a iluminação sugestiva é aplicada com êxito, como antes de Ethan e Walker pularem de um avião durante uma tempestade—a iluminação avermelhada já nos deixa atentos com o perigo que está por vir.

Os efeitos práticos mais uma vez são predominantes, já que Tom Cruise gosta e faz questão de tudo ser o mais real possível. Assim como nos seus filmes anteriores, ele descarta os dublês e aqui vai além do imaginado ao pilotar um helicóptero entre montanhas. Algumas câmeras são posicionadas de modo que lembra muito alguns documentários, com planos bem sugestivos, dando uma noção ao expectador do quão próximos eles estão do chão ou das próprias montanhas. A realidade é tão intensa que nos leva a ponta da cadeira, nos mantendo tensos durante toda a sequência.

O roteiro, que também é de McQuarrie, não quer parecer maior do que realmente é, e utiliza vários pequenos plot twists que funcionam muito bem, narrativamente falando. Em muitos momentos esperamos uma consequência e, em segundos, tudo muda. Isso sem parecer forçado: é tudo muito orgânico, bem aplicado e faz com que o filme ganhe mais força.

Tudo o que foi dito acima, somado a uma trilha sonora empolgante, torna Missão: Impossível – Efeito Fallaut uma obra cheia de recursos que todo filme de ação pode já ter utilizado, mas, aqui, tudo foi pensado e executado para sair nada além do perfeito. Isso faz com que seja o filme de ação mais poderoso desde Mad Max: Estrada da Fúria.

Nota: ★★★★★

Ficha Técnica

Direção: Christopher McQuarrie

Roteiro: Christopher McQuarrie

Elenco: Tom Cruise, Henry Cavill, Ving Rhames, Simon Pegg, Rebecca Ferguson, Sean Harris, Angela Bassett, Vanessa Kirby, Michelle Monaghan, Alec Baldwin, Wes Bentley, Frederick Schmidt,

Fotografia: Rob Hardy

Trilha Sonora: Lorne Balfe

Montagem: Eddie Hamilton

Direção de Arte: Matthew Gray, Gary Jopling, Steven Lawrence, Agata Maliauka, Phil Sims, Ken Turner, Thierry Zemmour

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