Festival de Veneza | O Primeiro Homem arranca aplausos do júri
Segundo o Deadline, o filme de Damien Chazelle sobre o astronauta Neil Armstrong, que abriu o Festival de Veneza, foi ovacionado de pé por 3 minutos por convidados e membros do júri (que inclui Guillermo del Toro, Naomi Watts, Christoph Waltz e Taika Waititi).
O Primeiro Homem sai do festival bastante elogiado, ainda que não tenha arrebatado completamente a imprensa especializada.
David Rooney escreveu para o The Hollywood Reporter que “é mérito dos realizadores e da performance cuidadosamente internalizada de Ryan Gosling como Neil Armstrong que esse filme sóbrio e contemplativo tenha envolvimento emocional, tensão visceral e, sim, até mesmo suspense, além da maravilhosa habilidade técnica” e que o roteiro faz um “trato surpreendentemente inteligente de um momento decisivo para a América”. Ainda sobre o roteiro, ele afirma que o grande acerto é exatamente o fato de estar mais inclinado para o lado pessoal da vida de Armstrong e sua missão. “Armstrong é descrito como um homem humilde, não um caçador de glórias ou audacioso no modo heroico usual para as telas.”
Além de Gosling, as performances de Claire Foy e Jason Clarke também são elogiadas por Rooney, embora “o grande elenco predominantemente masculino geralmente funciona mais como uma unidade coesa do que como personagens individuais”.
Já para Owen Gleiberman, da Variety, “O Primeiro Homem é um docudrama no sentido mais autêntico e excitante da palavra”. Gleiberman ressalta que ver o perigo das viagens espaciais é muito maior do que somos capazes de imaginar, e ”o que fundamentalmente faz com que você se envolva com o filme e o torna uma experiência tão assustadora quanto emocionante, é que o tremendo perigo de estar a bordo de um foguete materializa algo inapagável sobre o que o programa espacial era: não apenas uma ‘nova fronteira’, mas a maneira de uma cultura desafiar a morte. O filme capta que a morte sempre fez parte disso”.
Ele também elogia a atuação de Gosling, que diz ser “complicada e envolvente”. Para Gleiberman, “ele interpreta Armstrong como um realizador inteligente que aprendeu a manter a maior parte do que sente dentro de si (ele escreveu musicais na faculdade e agora tem vergonha disso). No entanto, ele solta apenas emoção suficiente, especialmente quando alguém se opõe a ele, para exalar um comando silencioso”.
Dando ao filme uma nota “B+” (o que seriam 4 estrelas de 5), Michael Nordine, do Indie Wire, escreveu que O Primeiro Homem “não é uma visão abrangente da missão Apollo 11, mas revisita essa história famosa de um ângulo mais íntimo, mesmo quando ela oferece um passeio satisfatório”.
Sobre Claire Foy, Nordine afirma que a atriz britânica está “tão americana quanto uma torta de maçã aqui – mesmo que, como tantas vezes acontece em filmes desse tipo, ela seja relegada a simplesmente ser a esposa preocupada”. Já falando sobre a direção do longa, “Chazelle é um comandante de voo perito, guiando a ação com a elegância de uma dança espacial em uma cena e a intensidade de um lançamento de foguete na próxima”. E adaptando a famosa frase do astronauta, ele finaliza: “pode não ser um salto gigantesco para o cinema, mas é outro pequeno passo para esse cineasta”.
