Listão do Clube | 15 filmes que não ganharam o Oscar… mas deveriam!

 

Que Oscar é um dos assuntos favoritos do mundo cinéfilo é um fato, porém mais do que simplesmente torcer e apostar para o seu filme favorito, chorar pelo leite derramado… ou melhor, por aquele filme que não levou o Oscar, é muito comum nas rodas de discussões. Pensando nisso, o Clube da Poltrona resolveu intimar seus membros a colocar para fora tudo o que sempre quiseram dizer sobre aqueles filmes que deveriam ter levado o prêmio de Melhor Filme ou Filme Estrangeiro em seus respectivos anos. São filmaços que saíram sem o seu tão sonhado careca dourado na principal categoria em que concorriam (e alguns saíram sem prêmio nenhum mesmo!).

Cada membro escolheu dois filmes (e houveram impasses, como o Oscar de 2015) e fechamos a lista com o nosso filme unanimidade. E o resultado, você confere agora, nessa lista de 15 filmes injustiçados!


A Felicidade Não Se Compra, Oscar de 1947

Como seria a vida das pessoas a sua volta se você nunca tivesse existido? Parece uma pergunta boba, mas garanto que, não só muita gente já se questionou sobre o assunto, como também a resposta pode levantar temas filosóficos e existenciais. Foi isso que Frank Capra fez, em seu roteiro escrito em parceria com Albert Hackett e Frances Goorich. Após anos trabalhando apenas em documentários sobre a II Guerra Mundial, Capra foi além do clima de pós-guerra e propôs um questionamento ainda mais amplo que Os Melhores Anos de Nossa Vida, ganhador da edição do Oscar de 1947. A Felicidade Não Se Compra é um filme que sequer parece envelhecer, sendo lembrado como um dos melhores filmes da história até hoje.

 

A Cor Púrpura, Oscar de 1986

O Oscar de 1986 foi difícil. Primeiro porque muitos dos melhores filmes daquele ano sequer foram indicados; mas saber que A Cor Púrpura perdeu a estatueta principal para o novelesco Entre Dois Amores é ainda mais triste. O filme de Steven Spieberg é tão lindo quanto a obra original, o livro homônimo de Alice Walker, e tem vários pontos fortes que o poderiam ter levado ao topo das escolhas da Academia: um diretor em plena ascensão, em um exercício de direção em um gênero diferente do seu habitual e sendo bem sucedido; roteiro consistente e emocionante; atuações fortes, principalmente de Whoopi Goldberg; a bela fotografia de Allen Daviau.

Como se não bastasse ter perdido a categoria principal, A Cor Púrpura ainda carrega até hoje o título de maior perdedor do Oscar, já que foi indicado a 11 estatuetas e saiu da premiação de mãos abanando.

Por Roseana Marinho

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Os Bons Companheiros, Oscar de 1991

1991 foi o ano em que o Oscar fez história ao entregar os resultados mais improváveis dos últimos anos. Além de Dança com Lobos ter levado o Oscar melhor filme, Kevin Costner passou por cima de Scorsese e Coppola. Sejamos honestos: por mais que o faroeste de Costner tenha seus bons momentos, não chega nem perto de Os Bons Companheiros e O Poderoso Chefão 3, que também estava na disputa. Quase trinta anos depois, o filme de Scorsese sobrevive ao tempo como uma das obras mais geniais da história do cinema, enquanto o “ganhador” é lembrado por seu tom cafona.

 

Cisne Negro, Oscar de 2011

Essa doeu fundo nos cinéfilos. O Discurso do Rei, dirigido por Tom Hooper, acabou levando o prêmio de Melhor Filme na cerimônia de 2011, desbancando o genial Cisne Negro, de Darren Aronofsky. Embora o filme tenha um ótimo elenco, roteiro e direção são tão fracos, que nem deveria ter entrado na disputa entre os melhores do ano. Naquela edição, assim como em 2010, foram dez indicados. Duvida que o ganhador era o mais fraco? Então confira os concorrentes: 127 HorasO VencedorA OrigemMinhas Mães e Meu Pai, A Rede Social, Toy Story 3, Bravura IndômitaInverno da Alma. É mole? Pelo menos, Natalie Portman levou o merecidíssimo prêmio de Melhor Atriz, mas isso não reduz a indignação pela vitória injusta do discurso do rei gago.

Por Elaine Timm

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O Resgate do Soldado Ryan, Oscar de 1999

Poucas afirmações são uma verdade tão universais quanto aquela que diz que Shaskepeare Apaixonado está longe de ser melhor que o exímio O Resgate do Soldado Ryan. Steven Spielberg conseguiu entregar um dos melhores trabalhos da sua carreira e um dos grandes filmes de guerra do cinema americano. O drama histórico reconstitui cenas da II Guerra Mundial que ficaram marcadas até hoje, como a emblemática sequência do Dia D que, por si só, já é perfeita o suficiente para garantir aquele Oscar.

Com Tom Hanks no papel principal, o filme contou com um jovem Matt Damon e um desconhecido Vin Diesel no elenco. Se firmou como um retrato devastador e comovente de um dos piores acontecimentos da humanidade e ainda nos faz lembrar de um dos episódios mais constrangedores do Oscar.

 

Boyhood – da Infância à Juventude, Oscar de 2015

Tocante e inspirador, Boyhood é um desses filmes que certamente irão resistir ao tempo, como poucos ganhadores do Oscar, incluindo o vencedor daquela edição de 2015, Birdman. O longa de Richard Linklater foi filmado em segredo durante 12 anos e contou a trajetória de Mason e sua família ao longo de mais de uma década. É uma experiência única, que registra o crescimento de uma geração e apresenta um convite para olhar um passado não tão distante, nos permitindo revisitar cada momento trivial — mas não menos extraordinário — das nossas vidas, a partir da visão sempre acertada de Linklater, que já havia nos conquistado com a trilogia Before. Não há dúvidas que a Academia perdeu uma ótima oportunidade de perpetuar sua marca com um verdadeiro clássico.

Por Evandro Lira

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O Segredo de Brokeback Mountain, Oscar de 2006

A derrota para o fraquíssimo Crash: No Limite se tornou, nos últimos anos, o exemplo mais conhecido de um erro da Academia na categoria principal. A obra de Ang Lee, além de ter ganho o BAFTA de melhor filme, também conquistou os Sindicatos dos Diretores e dos Produtores — o que torna a derrota ainda mais inacreditável, pela força que ambos os sindicatos possuem para prever o vencedor do Oscar.

A única explicação plausível seria o preconceito velado dos membros — por O Segredo de Brokeback Mountain abordar um romance gay entre dois caubóis (uma figura mítica na cultura norte-americana) —, já que não existe explicação artística plausível para tal erro. Além do fato de qualquer um dos outros três indicados (Munique, Capote e Boa Noite e Boa Sorte) serem superiores, o próprio diretor do filme afirmou não ser merecedor do Oscar. É realmente necessário dizer mais alguma coisa?

 

Dr. Fantástico, Oscar de 1965

É também bastante conhecido o fato de Stanley Kubrick nunca ter ganho um Oscar de direção ou produção. Apesar de ter merecido vencer em diversas edições e, em outras, ter grandes filmes concorrendo (Barry Lyndon, por exemplo, concorreu com Um Dia de Cão, Nashville, Tubarão e Um Estranho no Ninho), o Oscar desse ano é simbólico por ser uma edição com poucos filmes memoráveis.

Com a perspectiva de hoje, Minha Bela Dama, apesar das qualidades técnicas típicas de um musical, é uma obra datada, com um terceiro ato longo e redundante, fazendo com que a duração se estenda de forma desnecessária. Já Dr. Fantástico mistura a comédia irônica com o pessimismo, ecoando até os dias de hoje não apenas pelo seu genial roteiro e direção, mas principalmente por causa de seu relevante tema principal. E, se realmente fosse necessário premiar um musical naquele ano, Mary Poppins (um dos melhores live-actions da Disney) seria uma escolha bem mais acertada.

Por Jonatas Rueda

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Sociedade dos Poetas Mortos, Oscar de 1990

A obra não é um simples filme, ela nos passa ensinamentos valiosíssimos, principalmente referente à importância dos sentimentos na vida das pessoas. Sendo que um dos conceitos mais marcantes abordados em Sociedade dos Poetas Mortos é o Carpe Diem, que retrata a busca em aproveitar cada um dos momentos de nossas vidas ao máximo. Um filme tão profundo, que tem sua narrativa que nos leva quase como um poema, uma atuação maravilhosa de Robin Williams, perder para Conduzindo Miss Daisy, é um absurdo.

 

Mad Max: Estrada da Fúria, Oscar de 2016

George Miller passou por várias complicações em sua obra até tornar possível que chegasse aos cinemas. E, uma vez em cartaz, Mad Max chegou para dar um novo ar para os filmes de ação, refletindo de imediato nas produções seguintes do gênero.

A obra não tem medo de explorar o limite da ação, levando seus personagens ao inimaginável e com um plot simples. Mas, além de revolucionar, Miller nos entrega um visual deslumbrante, cenas que poderiam ser emolduradas de tão belas; junta isso tudo, mais uma trilha sonora marcante e uma mensagem de empoderamento feminino e alienação da sociedade por meio da religião, acaba tornando a obra uma das mais importantes do século, perdendo seu Oscar de melhor filme para um bom filme, mas que não tem um peso tão grande na história do cinema (Spotlight: Segredos Revelados).

Por Ítalo Passos

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Whiplash: Em Busca da Perfeição, Oscar de 2015

O primeiro longa-metragem dirigido por Damien Chazelle impressionou a todos e o transformou no requisitado diretor que é atualmente. Com atuações impressionantes de Miles Teller e J.K. Simmons (premiado com o Oscar), Whiplash é uma verdadeira declaração de amor à bateria e ao jazz. Os conflitos entre o aluno esforçado e o professor ríspido, além do misto de amor e ódio entre os dois, empolgam o espectador até o seu avassalador desfecho. Merecia o prêmio máximo da noite no Oscar. Também era concorrente de Boyhood, perdendo para Birdman.

 

O Exorcista, Oscar de 1974

O Exorcista é o filme mais importante do gênero horror e o mais assustador do gênero, até hoje. Nenhum do gênero conseguiu superar o feito de um longa como esse alcançar tantas indicações ao Oscar e ter chegado muito perto de faturar o prêmio de melhor filme. Direção, atuações, roteiro adaptado, trilha sonora, um verdadeiro clássico do cinema! O choque/impacto foi tanto em gerações posteriores que, às vezes, é difícil entender por que Golpe de Mestre foi laureado naquela noite de 1974 com o careca dourado, no lugar da aterradora obra de Friedkin.

Por Ibertson Medeiros

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Trama Fantasma, Oscar de 2018

O cinema de Paul Thomas Anderson é para poucos. Até para a Academia. O fato de Trama Fantasma ter sido indicado a seis prêmios foi um feito notável. A trajetória do renomado estilista metódico e rigoroso, que entra em conflitos emocionais e até existenciais, é um trabalho de produção elegante e rebuscada. Daniel Day-Lewis defende o personagem com forma irretocável. Merecia figurar entre os premiados do ano, ao lado do posto de melhor filme da noite, naquela cerimônia. Sorry, A Forma da Água, você não tem calibre para tanto!

 

A Fita Branca, Oscar de 2010

Vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes de 2009, este trabalho primoroso de Michael Haneke expõe os símbolos da origem do mal. Um estudo sobre a natureza política e religiosa sob uma fotografia monocromática. Um conto sobre as origens do Nazismo por trás de um filme silencioso que causa inquietação. A Academia optou por laurear O Segredo dos Seus Olhos, pelo apelo mais melodramático e de fácil assimilação. Entretanto, por mais que seja um bom filme, não chega ao nível do trabalho obscuro e reflexivo que Haneke promoveu em A Fita Branca.

Por Cristiano Contreiras

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Escolha do Clube:

Central do Brasil, Oscar de 1999

É isso mesmo: o Oscar de 1999 não deu só uma, mas várias mancadas. Na categoria de Melhor Filme Estrangeiro, o vencedor foi o “bonitinho-porém-clichê” A Vida É Bela, de Roberto Benigni. Sem “bairrismos”, mas Central do Brasil é superior em tudo. Apesar do cenário bem brasileiro, a viagem (inclusive emocional) de Dora e Josué pelo interior do país evoca sentimentos bastante universais. Para piorar a fatídica noite de 21 de março de 1999, ainda tivemos que engolir Gwyneth Paltrow levando o prêmio de Melhor Atriz no lugar de Fernanda Montenegro.

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Evandro Lira

Evandro gosta tanto de filmes que escolheu a opção Cinema e Audiovisual no vestibular, e hoje cursa na UFPE. Em constante contato com a cultura pop, se divide entre as salas de cinema, as aulas sobre Eiseinsten, xingar muito no Twitter e a colaborar com o Clube da Poltrona.

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