Listão do Clube | 10 Oscars de atuação mais injustos

 

Desde que o Academy Awards é entregue, diversos atores e atrizes passaram pelo palco para fazer seus discursos. Mas, quantos realmente mereceram o prêmio? O Clube da Poltrona intimou seus membros a escolher alguns dos Oscars de atuação que consideram mais injustos na história da premiação. O Listão de fevereiro, claro, já nasceu envolto de algumas unanimidades e polêmicas, e você confere abaixo as 10 escolhas do Clube:

Gwyneth Paltrow, por Shakespeare Apaixonado

Há 20 anos, Gwyneth Paltrow levou para casa a estatueta de Melhor Atriz por seu trabalho em Shakespeare Apaixonado. No entanto, sua atuação estava longe de merecer tal destaque. Interpretando Lady Viola, uma donzela riquinha que está à espera de um amor ou aventura que a tire de sua tediosa vida predefinida e se torna a musa inspiradora de Willian Shakespeare, a atriz não convence. Superficial e previsível, a personagem — que poderia ser interessantíssima — faz, na verdade, o público pensar que duvidam de sua inteligência ao apresentar Gwyneth vestida de homem no encontro com o poeta e dramaturgo. Tendo em vista que concorria com Fernanda Montenegro, este é um dos Oscars mais injustos escolhidos pela Academia.

Por Naty Lippo

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Eddie Redmayne, por A Teoria de Tudo

Pra Academia, é fácil reconhecer alguém: basta fazer um personagem real. Inúmeros atores, por sua vez, são laureados por atuações duvidosas por conta de transformações físicas e abusos de maquiagem. Ok, Redmayne não necessariamente moldou seu rosto para ficar igual ao Stephen Hawking, mas segue o padrão de atuação que é sempre potencializada nas premiações. O ator, claramente, era o concorrente mais fraco da categoria (Michael Keaton, por Birdman, merecia ter ganho), com uma personificação apenas correta sobre a figura do físico britânico. Há cenas dele em A Teoria de Tudo que exibem cacoetes e trejeitos para convencer o público de que temos uma grande atuação. A boca sempre torta demais, os olhos esbugalhados, a voz que tenta imitar o tom de fala de Hawking. Mas, imitar alguém é ter uma representação madura e interessante? Um dos prêmios mais imaturos desta década.

 

Kim Basinger, por Los Angeles: Cidade Proibida

Quando Cuba Gooding Jr. abriu o envelope, pra anunciar a vencedora, até ele mesmo esboçou uma reação de surpresa. Chega a ser cômico este prêmio. No ano em que tivemos concorrentes como Gloria Stuart, icônica em Titanic; ou Julianne Moore, em Boogie Nights; Basinger foi premiada por uma atuação artificial e insossa no filme de Curtis Hanson. Por personificar uma prostituta de luxo dúbia e que homenageava estrelas de Hollywood como Veronica Lake, Basinger convenceu a todos que sua atuação tinha potencial para ser considerada a melhor atriz coadjuvante do ano. Um tanto afetada demais em cena, com caras e bocas que exibiam uma interpretação sensual, quase como se estivesse atuando em um filme porn B, a atriz era o ponto mais frágil do grande filme que Los Angeles: Cidade Proibida era. Sem comentários!

Por Cristiano Contreiras

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Emma Stone, por La La Land: Cantando Estações

Emma Stone foi considerada a melhor atriz do ano, por La La Land: Cantando Estações. Embora graciosa em cena, o prêmio foi um exagero, visto que tínhamos Isabelle Huppert como destaque pela complexa personagem em Elle.

Stone entrega uma atuação carismática, dança e canta em cena, mas não consegue realizar uma interpretação tão memorável ou madura – algo visto em suas diretas concorrentes daquele ano, como a já citada Huppert, Natalie Portman ou Ruth Negga. Fica claro que, pra Academia, é muito mais fácil valorizar uma atriz jovem e em ascensão — um rostinho bonito, em um formato de musical com bilheteria notável, que consegue dialogar mais fácil com um público jovem. Mais um prêmio precoce na lista do Oscar e tem sido comum, a cada ano.

Por Ibertson Medeiros

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Mark Rylance, por Ponte dos Espiões

No Oscar de 2016, a disputa estava bem acirrada, pois cada um dos indicados tinha um certo peso para levar a estatueta, mas obviamente nem todos mereciam. Mark Rylance que foi o vencedor da noite, estava competindo contra Sylvester Stallone, Christian Bale, Tom Hardy e Mark Ruffalo.

Mesmo após um bom trabalho de todos os indicados, os que se destacavam (para mim), eram Stallone, que reviveu Rocky em Creed, e Tom Hardy, que deu vida a John Fitzgerald em O Regresso. Rylance, que em Ponte dos Espiões viveu o agente sérvio Rudolf Abel, criou um personagem bem contido, que se expressa mais pelo olhar, ao invés de grandes falas e ações; porém, falta um pouco de criatividade, seguindo um padrão que acaba não deixando sua marca com um grande peso na categoria.

Por Ítalo Passos

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Humphrey Bogart, por Uma Aventura na África

Não é nada incomum a Academia premiar um ator ou atriz pela sua carreira. Recentemente vimos algo parecido ocorrer com Juliane Moore e Gary Oldman que, apesar de estarem bem nos respectivos papéis, se torna óbvia a sensação de reparação pelos membros votantes.

E lá no começo da década de 1950, o Oscar fez algo bem parecido ao premiar Bogart pela sua atuação na obra chamada Uma Aventura na África. O ator, mesmo com papéis marcantes como Casablanca (indicado ao Oscar pela performance), Relíquia Macabra, O Tesouro de Sierra Madre e No Silêncio da Noite, praticamente faz uma interpretação de sua persona.

Quase 70 anos depois e essa vitória é analisada mais como um erro por não premiar um jovem e inspirado Marlon Brando (que até hoje é estudado nas escolas de teatro pela atuação) do que seus próprios méritos artísticos.

 

John Wayne, por Bravura Indômita

Mais um exemplo em que se premia um ator pela filmografia. Diferente de Bogart, o queridinho de John Ford, apesar de ser um monstro sagrado no faroeste e quase sempre funcionar dentro desse contexto, é um ator bem mais limitado.

Sua conquista pelo decente Bravura Indômita tem uma configuração de Oscar honorário, já que o mesmo estava em fim de carreira, chegando a falecer 10 anos após o evento. E o fato dessa edição conter duas ótimas atuações (Dustin Hoffman e Jon Voight em Perdidos na Noite) coloca toda a situação em uma posição mais contestável ainda.

Por Jonatas Rueda

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Jennifer Lawrence, por O Lado Bom da Vida

Em 2012, Hollywood se curvava para Jennifer Lawrence, o que lhe custou um lugarzinho especial nessa lista. A atriz, que já havia caído no gosto da Academia quando recebeu uma justa indicação por seu papel em O Inverno da Alma, voltava dois anos depois para arrebatar o Oscar de Melhor Atriz por O Lado Bom da Vida, um filme superestimado, onde Lawrence vive uma viúva problemática que se envolve com um vizinho mais problemático ainda.

Embora JLaw não esteja mal no papel, o filme não permite que ela saia muito do lugar comum cheio de overacting, fazendo-a transitar entre gritos histéricos e alguns palavrões. A sua vitória precoce — ela só tinha 22 anos — é ainda mais amarga nos corações dos cinéfilos quando uma das maiores performances daquele ano foi a de Emmanuele Riva, um grande nome do cinema francês, no filme Amor. Além dela, Jessica Chastain de A Hora Mais Escura e Naomi Watts de O Impossível concorriam e, convenhamos, apresentaram atuações muito melhores.

Por Evandro Lira

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Matthew McConnaughey, por Clube de Compras Dallas

Hoje, Leonardo DiCaprio tem seu Oscar em mãos, mas poderia ter vários. Uma das vezes que a Academia vacilou com Leo, foi na edição de 2014 dando o Oscar de Melhor Ator para Matthew McConaughey, que interpretou um cowboy soropositivo que lutou para legalizar a venda de medicamentos nos Estados Unidos, em Clube de Compra Dallas. História comovente, mas a atuação de DiCaprio em O Lobo de Wall Street estava superior à de seu concorrente, e não é preciso explanar os motivos. Basta assistir ao filme. O grande lance é que a Academia adora contar histórias; McConaughey vinha de uma carreira marcada por comédias românticas adocicadas e foi ascendendo ao drama até chegar a um personagem debilitado física e mentalmente. Aí, para coroar o esforço do rapaz, um Oscar em mãos (movimento também conhecido como lobby).

Por Elaine Timm

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Roberto Benigni, por A Vida É Bela

O ator e diretor italiano foi premiado por sua atuação como o pai judeu que tenta manter um mundo lúdico e feliz para o filho, mesmo em um campo de concentração nazista. Em teoria, parece uma coisa linda. Mas o tom caricato da atuação quase que cem por cento do tempo — além de passar o tempo todo a sensação de estar manipulando a emoção do espectador —, torna o prêmio pouco merecido. Quando Benigni sobe ao palco para receber seu prêmio, fica claro de que a caricatura apresentada em A Vida é Bela se aproxima demais da própria personalidade do ator. Ou seja, de uma forma ou de outra, não dá pra chamar de melhor atuação.

Se considerarmos os concorrentes então, a situação fica pior: temos um Edward Norton irrepreensível em A Outra História Americana, além de Tom Hanks, Ian McKellen e Nick Nolte.

Por Roseana Marinho

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Evandro Lira

Evandro gosta tanto de filmes que escolheu a opção Cinema e Audiovisual no vestibular, e hoje cursa na UFPE. Em constante contato com a cultura pop, se divide entre as salas de cinema, as aulas sobre Eiseinsten, xingar muito no Twitter e a colaborar com o Clube da Poltrona.

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2 thoughts on “Listão do Clube | 10 Oscars de atuação mais injustos

  • 29 de outubro de 2020 at 15:46
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    Gostei da lista, a atuação do Eddie Redmayne foi boa, no entanto, eu teria dado o oscar pra o bradley cooper em Sniper Americano.
    Isto posto, eu discordo quanto ao fato de vocês afirmarem que o oscar de Matthew McConaughey deveria ter ido para Dicaprio, a atuação de Matthew foi sensacional.
    Eu ainda adicionaria o Oscar roubado de dicaprio por Tommy lee Jones, Leonardo estáva sensacional em Gilbert Grape.
    E pra finalizar eu adicionaria o maior absurdo de todos, que foi Tom Hanks ter ganho por Filadélfia, quem deveria ter ganho era ou o Liam Neeson ou Daniel Day Lewis.

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  • 29 de outubro de 2020 at 15:50
    Permalink

    Esqueci de comentar um CRIME que o oscar fez, que foi não ter dado nenhum oscar para Al pacino em qualquer um dos 3 filmes que ele interpretou Michael Corleone, de preferência o segundo.

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