Miss In Scene | A felicidade e o autoconhecimento com o Divã

Lançado há 10 anos e adaptado de um romance homônimo de Martha Medeiros, Divã conta a história de Mercedes, uma mulher de 40 e poucos anos, casada com seu namoradinho da adolescência, mãe de dois filhos, professora particular e pintora por paixão. O enredo se desenrola a partir do momento em que a protagonista se senta no divã de um psicanalista e questiona se é feliz.

O filme propõe discussões extremamente pertinentes e que estão cada vez mais sobre a mesa. A primeira delas é a reflexão se a felicidade está mesmo na família tradicional, com um casal e seus filhos. Antigamente, a cultura social impunha que este era o maior sinônimo de sucesso na vida, principalmente para as mulheres. No entanto, isso tem sido posto em xeque, dando mais liberdade de escolher entre a bicicleta e o casamento.

Em sua jornada de autoconhecimento, a personagem de Lilia Cabral acaba por se separar e parte para o mundo em busca de novos amores, experiências e vivências. É neste cenário que surgem outros debates de forma leve e cômica, como o relacionamento com homens mais novos, a menopausa, o afastamento dos filhos, a noção de finitude e a necessidade de se reinventar, nem que seja com um corte de cabelo.

Apesar de ter muitos temas mais comuns nas conversas das mulheres mais velhas, a dramédia faz conexão com o espectador independente do sexo, idade e classe social, uma vez que retrata situações de fácil identificação. Além disso, o diálogo direto de Mercedes faz com que o público seja seu confidente e torça por ela.

A produção traz ainda a importância de uma boa amizade, como a de Mercedes e Mônica (Alexandra Richter). As duas partilham confidências, conselhos e mostram um companheirismo sem igual, deixando de lado aquele estigma de que mulheres não conseguem ser amigas sem competir.

Divã é um daqueles filmes gostosos de assistir, pra rir e se emocionar, mas, principalmente, refletir sobre uma felicidade não tão moralista, real e possível de ter.

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Natália Lippo

Paulistana, é formada em jornalismo e é de Peixes com ascendente em Peixes. Adora um bom filme – mesmo que seja clichê – e revê milhões de vezes aqueles que mais gosta. Não larga as séries, os livros e acredita que deveria ser socialmente aceitável dançar as músicas que tocam nos fones de ouvido na rua.

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