Miss in Scene | A força das mulheres em Harry Potter
O protagonista pode até ser um homem, mas são as mulheres que fazem com que Harry Potter chegue vivo ao último filme. Logo no início da saga, somos apresentados a Hermione Granger (Emma Watson), uma jovem inteligente, disciplinada, amiga e corajosa. Ao longo dos filmes, aquela garota mirradinha com cabelos armados que chora no banheiro por ter sido desprezada toma as rédeas de si e mostra sua força. Sua rapidez de raciocínio, perfeição na execução de suas ações e conhecimento completo dos mais diversos cenários faz com que seja sempre ela que encontre a saída para as situações e esteja preparada para o que vão enfrentar, independente do que for.
Hermione é extremamente leal aos seus amigos e aos seus valores. Ela se posiciona, briga e luta por aquilo que acredita, e ainda encontra tempo para se apaixonar, aconselhar, sentir ciúme, consolar e ser feminina, o que faz com que a personagem se torne mais real e próxima de seu público.
Enquanto Hermione tem um lado mais racional, Luna Lovegood (Evanna Lynch) é o completo oposto. Desprendida das aparências e totalmente emocional, Luna parece estar vivendo no mundo da lua boa parte do tempo e isso não faz com que ela se sinta menos que os demais. Pelo contrário! Ela assume sua excentricidade e não permite que ninguém, nem mesmo seus amigos, mudem sua forma de agir e pensar. Além disso, sua sensibilidade é tanta que permite que ela enxergue além do que se vê, nas profundidades dos seres (sejam eles humanos ou não), e traz à tona o poder do autoconhecimento e a força do interior.
Ainda no círculo escolar, Minerva McGonagall (Maggie Smith) traz a figura da mulher bem sucedida, boa profissional e justa, qualidades que rendem à personagem os cargos de Vice-diretora de Hogwarts, Diretora da Grifinória e professora de Transfiguração. Ainda que tenha características bem marcantes da educação inglesa como a rigidez, McGonagall se permite se afeiçoar e tomar partido de seus alunos, mostrando a quem assiste que algumas regras podem ser quebradas dependendo do contexto.
Já Molly Weasley (Julie Walters) é o melhor exemplo de força maternal e aquela que remete o espectador a própria mãe. Amorosa, ela está o tempo todo cuidando de sua família e dos agregados, buscando agradá-los com presentes, boa comida e acomodações, mas não perde a oportunidade de dar uma bronca em alto e bom som, se necessário. Ela é a mãe leoa que enfrenta, xinga, vai pra cima e faz tudo o que for preciso para defender os seus. Inclusive, é ela que rende o único palavrão dos filmes na icônica “Not my daughter, you bitch!”.
Por fim, mas não menos importante, tem Lilian Potter (Geraldine Somerville) que, literalmente, deu sua vida em prol da vida de seu filho. Como se isso não bastasse para mostrar sua força, a personagem também se mostra empática com seus amigos, inteligentíssima e defensora ativa do bem, fazendo parte de um grupo que lutava contra Voldemort e seus seguidores.
Além dessas, tem muitas outras como a aurora Tonks, a esportista Gina (mais nos livros que nos filmes) e até mesmo as vilãs Bellatrix Lestrange e Dolores Umbridge que têm características tão fortes quanto as demais. As mulheres de Harry Potter trouxeram ao público infanto-juvenil (e até mesmo adulto) as muitas facetas da força feminina e a importância do respeito a cada um desses perfis. As qualidades, motivações, interesses, defeitos e escolhas de uma mulher são o que a fazem forte e a pluralidade deles permite uma comunidade mais completa no cotidiano e nas adversidades. Se a gente organizar direitinho, todas salvam o mundo — pelo menos, o mágico.